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Síndromes Respiratórias Agudas Graves em crianças
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Síndromes Respiratórias Agudas Graves em crianças

Síndromes Respiratórias Agudas Graves em crianças

22/09/2025
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Nos meses mais frios, é comum vermos um aumento de casos de gripes e resfriados. Mas alguns quadros respiratórios podem evoluir para situações mais graves, chamadas de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG). Embora o termo possa assustar, informação e prevenção são as melhores ferramentas para proteger nossas crianças.

 

O que são as Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG)?

A SRAG é um conjunto de condições respiratórias graves, geralmente causadas por vírus, que podem levar à insuficiência respiratória aguda e à necessidade de internação hospitalar, muitas vezes em UTI.

Entre os principais agentes estão:

  • Vírus Sincicial Respiratório (VSR): principal causa de hospitalizações em crianças pequenas;
  • Influenza A: associada a complicações em idosos, mas também grave em crianças;
  • Rinovírus: relevante em escolares e adolescentes;
  • COVID-19 (SARS-CoV-2): que pode evoluir para quadros de hiperinflamação ou para a Síndrome Inflamatória Multissistêmica em Crianças (SIM-C).

No Brasil, só em 2025 já foram registrados mais de 133 mil casos de SRAG e 7.660 mortes, segundo a Fiocruz. Crianças pequenas e idosos são os mais vulneráveis.

 

Sintomas: quando a gripe deixa de ser só gripe?

Na maioria das vezes, a gripe dura de 5 a 7 dias com febre, tosse, coriza e dores no corpo. Mas, em alguns casos, sinais de alerta indicam progressão para SRAG:

  • Dificuldade para respirar (respiração acelerada, chiado, retrações entre as costelas);
  • Febre alta persistente (> 38,5°C por mais de 2 dias);
  • Cansaço extremo, sonolência ou irritabilidade;
  • Muco esverdeado ou tosse que não melhora;
  • Piora após aparente melhora;
  • Lábios arroxeados ou confusão mental.

Em crianças, também devemos observar sinais gastrointestinais (dor abdominal, diarreia, vômitos) ou erupções na pele, que podem indicar SIM-C associada à COVID-19.

 

Como é feito o diagnóstico das Síndromes Respiratórias Agudas Graves?

O diagnóstico é um processo cuidadoso que envolve a avaliação completa feita pelo médico.

  • Exame clínico e ausculta pulmonar;
  • Exames de imagem (raio-X ou tomografia), que podem mostrar inflamação nos pulmões;
  • Testes laboratoriais, incluindo PCR ou sorologia para vírus respiratórios;
  • Em casos de SIM-C, podem ser necessários exames cardíacos, como ecocardiograma e eletrocardiograma.

 

Tratamento

O tratamento da SRAG depende do vírus e da gravidade do quadro. De forma geral, ele é feito em hospitais, podendo incluir:

  • Oxigênio para ajudar na respiração;
  • Medicamentos para controlar a inflamação e a febre;
  • Hidratação e suporte nutricional;
  • Em casos mais graves, a criança pode precisar de internação em UTI e aparelhos para auxiliar a respiração. Não existe um “remédio milagroso” que cure a SRAG de imediato — o tratamento é de suporte, ou seja, ajuda o organismo a se recuperar e evitar complicações.

 

Prevenção: a melhor defesa

Felizmente, hoje temos mais recursos para proteger as crianças:

  • Vacinação contra gripe e COVID-19 (incluindo reforços em grupos vulneráveis como idosos e imunocomprometidos).
  • Palivizumabe (anticorpo monoclonal contra o VSR): aplicado mensalmente durante a sazonalidade do vírus em crianças com maior risco como prematuros, cardiopatas e pneumopatas, com impacto na redução de hospitalizações.
  • Higiene e cuidados ambientais: lavar as mãos, evitar aglomerações em locais fechados e manter os ambientes ventilados.
  • Alimentação saudável, hidratação e repouso em quadros gripais.

Manter-se informado e seguir as orientações médicas são os passos mais importantes para garantir a saúde respiratória de seus filhos. Em caso de dúvidas ou sintomas preocupantes, procure sempre um profissional de saúde.

 

Conclusão

As síndromes respiratórias agudas graves são um grande desafio de saúde pública e uma preocupação para pais e pediatras. Saber reconhecer os sinais de alerta, manter as vacinas em dia e adotar medidas preventivas são ações fundamentais para proteger as crianças.

A boa notícia é que os avanços recentes — como vacinas e anticorpos contra o VSR — já estão transformando o cenário da saúde infantil, trazendo esperança de menos hospitalizações e mais proteção.

Lembre-se: diante de qualquer sinal de agravamento respiratório, procure atendimento médico sem demora.

 

Fontes:

  1. Hon KL, Leung KKY, Leung AKC, et al. Overview: The history and pediatric perspectives of severe acute respiratory syndromes: Novel or just like SARS. Pediatr Pulmonol. 2020;55(7):1584-1591. doi:10.1002/ppul.248102.
  2. Henderson LA, Canna SW, Friedman KG, et al. American College of Rheumatology Clinical Guidance for Multisystem Inflammatory Syndrome in Children Associated With SARS-CoV-2 and Hyperinflammation in Pediatric COVID-19: Version 3. Arthritis Rheumatol. 2022;74(4):e1-e20. doi:10.1002/art.42062
  1. Mazur NI, Caballero MT, Nunes MC. Severe respiratory syncytial virus infection in children: burden, management, and emerging therapies. Lancet. 2024;404(10458):1143-1156. doi:10.1016/S0140-6736(24)01716-1
  1. Sociedade Brasileira de Pediatria. Diretrizes para o manejo da infecção causada pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR). 2017.
  1. Correio do Povo – SRAG e gripe comum: saiba os sintomas da síndrome gripal e quando ir ao hospital
  1. Fiocruz/InfoGripe – Número de casos de SRAG continua em queda, mas incidência segue elevada
  1. Agência Brasil – Casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave caem na maior parte do país

 

Leia também:

Dra. Fabiana Nunes

Dra. Fabiana Nunes

Dra. Fabiana A. Nunes Oliveira - (CRM 172.173) Médica, Alergista e Imunologista. Mestre em Ciências pela UNIFESP. Membro do Departamento Científico de Anafilaxia da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia e Pesquisadora do Instituto PENSI.

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