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Como uma Fundação voltada para a infância, muitas vezes nos deparamos com assuntos pouco usuais e que geralmente as pessoas gostam de evitar. Em dezembro de 2017, a Academia Americana de Pediatria (AAP) publicou uma política que fala sobre tráfico de crianças. Infelizmente essa realidade existe em pleno século XXI, e se ocorre nos EUA, certamente ocorre no Brasil.
As crianças são traficadas para exploração laboral e sexual em comunidades de todo os EUA, mas o devastador alcance global e as consequências para a saúde infantil são muitas vezes difíceis de detectar. Para combater essas violações básicas dos direitos humanos, a AAP apela a uma abordagem de saúde pública que incorpore pesquisa rigorosa, educação médica, colaboração e advocacia em sua declaração de política “Tráfico mundial de seres humanos e vítimas de crianças”.
Os problemas sociais, como a pobreza, a violência familiar e os sem-teto, são apenas alguns fatores que deixam as crianças vulneráveis ao tráfico de seres humanos. Crianças que são contrabandeadas internacionalmente estão especialmente em risco e podem ser relutantes em reportar abusos por medo. Não há estimativas confiáveis de quantas crianças são traficadas por sexo ou trabalho, e os esforços para acompanhar os números são dificultados pela falta de um banco de dados centralizado ou definições uniformes entre aqueles que coletam dados. A lei federal americana define o tráfico de trabalho como o uso de força, fraude ou coerção para sujeitar alguém a servidão involuntária, servidão por dívidas ou escravidão.
Em cidades dos EUA com forças-tarefa financiadas pelo governo federal sobre o tráfico de seres humanos, os dados coletados entre janeiro de 2008 e junho de 2010 descobriram que 94% das vítimas do tráfico sexual eram do sexo feminino e que 55% delas eram menores de 18 anos. Outros estudos mostraram predominância de homens no tráfico de mão-de-obra, mas acredita-se que os números sejam amplamente subestimados.
Como defensores das crianças, devemos trabalhar juntos para desenvolver políticas e programas para prevenir o tráfico humano e apoiar os sobreviventes. O tráfico de mão-de-obra infantil nos Estados Unidos pode ocorrer em uma grande variedade de indústrias, incluindo servidão doméstica, construção, serviços de limpeza, vendas de revistas porta-a-porta e outros negócios.
A maioria das informações existentes no Brasil referem-se à exploração sexual, ao trabalho infantil, à adoção internacional e à pedofilia. A combinação entre a movimentação e a exploração é que caracterizam o tráfico. As pessoas traficadas no mundo inteiro, entre elas, as crianças, são provenientes de países do chamado Terceiro Mundo (Ásia, África, América do Sul e o Leste Europeu), são encaminhadas, na maioria das vezes, para países desenvolvidos (EUA, Europa, Israel e Japão), onde são impostas à exploração sexual, em condições análogas ao trabalho escravo. No último século, o Brasil trocou sua condição de destino para fornecedor do tráfico internacional de crianças. O tráfico é essencialmente uma atividade lucrativa, que perde apenas para o tráfico de drogas e o contrabando de armas, possui também a função de sustentáculo. As rotas do tráfico se divergem em vários Estados brasileiros e possuem ramificações em vários países. O maior número de inquéritos e de processos instaurados pela Justiça brasileira são: Goiás, Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Bahia, Tocantins, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Ceará. Os países de destino mais frequentes são: Espanha, Alemanha, Suíça, Israel, Paraguai, Holanda, Japão, Portugal e França. A miséria e a desigualdade entre os países são fatores que colaboram para o tráfico de crianças nos países subdesenvolvidos.
Como se pode constatar, os números são desconhecidos, mas a percepção é que são grandes.
Leia também: O que um pediatra deve saber sobre abuso infantil?
Global Human Trafficking and Child Victimization
Jordan Greenbaum, Nia Bodrick,
COMMITTEE ON CHILD ABUSE AND NEGLECT, SECTION ON INTERNATIONAL CHILD HEALTH
Clara Soares de Caires (G-UEMS) https://anaisonline.uems.br/index.php/sciencult/article/viewFile/3432/3405
As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu pediatra. Pode haver variações no tratamento que o pediatra pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.
Atualizado em 11 de novembro de 2024