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Quando abrimos o jornal ou vemos na TV as cenas da Cracolândia (região do centro da cidade de São Paulo onde existem muitos usuários de drogas), o que mais impressiona é ver as crianças e os jovens fazendo uso dos cachimbos de crack. Não vamos nos ater às polêmicas da internação compulsória ou aos atos da polícia, mas sim aos aspectos médicos da questão.
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê, por meio da abordagem socioeducativa, a intervenção não meramente punitiva do Sistema de Justiça, mas propõe um modelo de intermédio sistêmico, quando aconselha apreciar a amplitude do problema e possibilita ao adolescente refletir sobre seus atos e buscar novas formas de se relacionar no mundo.
Este é um assunto que já postamos em vários artigos, mas pela sua gravidade nunca é demais voltar ao tema (leia em nosso blog: Uso de drogas na adolescência e AAP recomenda que os pediatras saibam mais sobre drogas).
Trabalhos médicos realizados no Brasil e no exterior mostram que o uso de drogas está associado a alguns fatores de risco, entre os quais podemos mencionar os aspectos culturais, interpessoais, psicológicos e biológicos. São eles:
1- A disponibilidade das substâncias;
2- As leis e as normas sociais;
3- As privações econômicas extremas;
4- O uso de drogas ou atitudes positivas pela família frente às substâncias;
5- Conflitos familiares graves;
6- Comportamento problemático (agressivo, alienado, rebelde);
7- Baixo aproveitamento escolar;
8- Alienação;
9- Atitude favorável com relação ao uso, início precoce do consumo;
10- Susceptibilidade herdada ao uso e vulnerabilidade ao efeito de drogas.
A família tem um papel crucial na prevenção. Enquanto cuidadora afetiva, amorosa e comunicativa, possui mais chances de promover condições para o desenvolvimento saudável dos filhos. Por esta razão, os programas para se evitar a dependência química ou física costumam prever aplicações práticas de orientação familiar.
Papel fundamental pode ser exercido pelos pediatras que acompanham o desenvolvimento e o crescimento da criança, conforme protocolos da Academia Americana de Pediatria e orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria, também colocados em postagens recentes.
Um programa compreensivo e voltado à promoção de saúde precisa entender essa quase inevitabilidade com a qual convive o ser humano, de buscar prazer em substâncias que produzem algum tipo de sensação, sejam elas lícitas, como álcool e tabaco ou ilícitas, como a maconha, anfetaminas, crack etc.
E entender também que a prevenção do abuso de drogas é sinônimo de vida saudável, empreendimento tão importante para os jovens.
Fontes:
1- “Fatores de risco e de proteção para o uso de drogas na adolescência” M Schenker, MCS Minayo – Ciênc Saúde Coletiva, 2005 – SciELO Public Health;
2- Texto extraído da monografia intitulada:
“O uso de drogas pelos adolescentes autores de ato infracional na cidade de Porto Alegre: uma questão só de polícia?“, apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Direito Comunitário: Infância e Juventude, da ESMP/RS, por Simone Mariano da Rocha;
3- “O adolescente e o uso de drogas”
ACPR Marques… – Revista Brasileira de Psiquiatria, 2000 –ACTA PAEDIATRICA;
4- Adolescent risk factors for poisonings – a prospective cohort study.
Kivistö, J.E.; Rimpelä, A.; Mattila, Kivistö, JE; Rimpelä, A.; Mattila, VM
Vol. 100 Nro. 12 Página: 1596-602 Dados da Publicação: 2011/01/12.
Atualizado em 26 de fevereiro de 2024