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No mundo contemporâneo vivemos a dualidade entre os muito magros, que é o padrão estético dos desfiles de moda, e os acima do peso, numa quase epidemia que assola o planeta, sem distinção de raça, credo, cor, gênero etc.
No meio disso se encontram as crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade.
Os médicos pedem educação e linguagem positiva para acabar com a discriminação social para com as crianças que têm excesso de peso ou obesidade. O estigma e a discriminação podem aumentar seus problemas de saúde e prejudicar sua qualidade de vida, fazendo com que se sintam isolados, envergonhados e tristes. O peso pode ser um preditor de vitimização e de bullying.
A nova política escrita em conjunto entre a Academia Americana de Pediatria e The Obesity Society oferece uma orientação para pediatras e profissionais de saúde visando reduzir a estigmatização e discriminação em crianças com sobrepeso e educar outras pessoas sobre as consequências negativas de tais ações. “Estigma Experiente de Crianças e Adolescentes com Obesidade” foi publicada na edição de dezembro de 2017 da revista Pediatrics.
O estigma do aumento de peso entre os jovens é mais frequentemente experimentado como vitimização, provocação e bullying. Na escola, o assédio baseado no sobrepeso é uma das formas mais frequentes entre os colegas relatadas pelos alunos. Na verdade, mais de 70% daqueles que procuram tratamento para perda de peso dizem terem sido intimidados ou provocados quanto ao peso no último ano e mais de um terço indicaram que o bullying ocorreu por um período de mais de cinco anos. Esta questão precisa estar no radar para profissionais de saúde pediátricos, que podem estar entre os poucos aliados que podem oferecer apoio.
O estigma por peso aumenta os sentimentos de isolamento e tristeza, o que pode levar a evitar atividades, a ter compulsão alimentar e aumento de peso adicional e entrar numa espiral viciosa.
AAP e The Obesity Society incentivam os profissionais de saúde a modelar comportamentos e linguagem não tendenciosos. Por exemplo, a AAP recomenda o uso da expressão como “crianças com obesidade” em vez de “criança obesa”. Técnicas de aconselhamento empático e capacitantes também são encorajadas, como entrevistas motivacionais e abordando o estigma e o bullying em consultas clínicas.
Os profissionais de saúde podem defender o treinamento e a educação sobre o estigma do peso em escolas de medicina, programas de residência e programas de educação médica contínua. Eles também podem capacitar as famílias a serem defensoras para enfrentar o estigma do peso no ambiente doméstico e na configuração da escola.
Tratar crianças e adolescentes que têm obesidade significa mais do que apenas mudar os hábitos nutricionais e de atividade física. Também trata de abordar o impacto social e emocional que o excesso de peso pode ter na qualidade de vida. Através destas novas recomendações, esta política espera incentivar abordagens mais eficazes e empáticas para cuidar de crianças e famílias com obesidade.
Leia também: O pedágio emocional da obesidade
Fonte: Pediatrics November 2017
Obesogenic Behavior and Weight-Based Stigma in Popular Children’s Movies, 2012 to 2015
Janna B. Howard, Asheley Cockrell Skinner, Sophie N. Ravanbakht, Jane D. Brown, Andrew J. Perrin, Michael J. Steiner, Eliana M. Perrin
As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu pediatra. Pode haver variações no tratamento que o pediatra pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.
Atualizado em 18 de novembro de 2024