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No mês passado conversamos com os amigos do Blog Saúde Infantil sobre uma condição bastante desagradável no consultório: o traumatismo nos dentes decíduos ou de leite (Traumatismo dentário – Parte 1). É uma situação bem complicada porque acontece em crianças pequenas e não dá muito para explicar para elas o que aconteceu. A criança chora, a mãe ou o pai ficam atônitos e às vezes bate o desespero, mas por mais que seja um acidente chato, digamos que ainda há uma salvação: o dente permanente vai vir logo, ou não tão logo, mas vai vir.
O complicado mesmo é quando acontece esse mesmo acidente com crianças maiores, pré-adolescentes, adolescentes e adultos. Está bem que a intervenção é mais fácil, em caso da criança estar mais desenvolvida, e é possível manter a calma e correr para o dentista o mais rápido possível. Até por isso, se acontecer em um final de semana, em um feriado ou até mesmo de noitão, tenha sempre o telefone do seu dentista ali na agenda do celular e é para ele que você tem que ligar urgentemente. Pare de querer correr para o pronto-socorro do hospital, exceto se o hospital tiver um dentista de plantão naquele momento, até chegar um pode ser tarde. Ou pior, você pode cair na mão de um atendente que vai te mandar voltar pra casa e mandar tomar uma dipirona ou um anti-inflamatório.
Não é bem assim. Alguns casos de traumatismo dentário precisam de atendimento emergencial, principalmente se houver avulsão total do dente (o dente sai inteiro – coroa e raiz – da boca). Esse dente precisa ser recolocado imediatamente em posição, a essa manobra denominamos REIMPLANTE, e não tem nada a ver com implantes dentários, que são outra coisa.
Então vamos lá: quais são as consequências de um traumatismo dentário em dentes permanentes? Primeiro, podem acontecer tanto em dentes anteriores como nos posteriores. Sim, até os molares podem sofrer traumatismos, é bem raro, mas acontece. O comum mesmo são nos dentes anteriores superiores, e a idade do paciente pode ser relevante para o sucesso do tratamento.
Se a criança estiver em idade escolar (seis a oito anos) ou na pré-adolescência (entre nove e doze anos) o dente traumatizado pode ainda não estar completamente formado e o tratamento pode não ser completado até que o dente complete sua formação. Acontece assim: quando um dente irrompe na boca, a raiz ainda não está completa, se o traumatismo acontecer nessa época e existir necessidade de um tratamento de canal, por exemplo, o paciente vai precisar um bocado de paciência para finalizar o tratamento. Se for um traumatismo simples, não há muito com o que se preocupar.
O traumatismo dentário pode atingir as estruturas mais duras do dente, esmalte e dentina. Se isso ocorrer, se houver fratura e se for possível recuperar o pedaço de dente fraturado, leve ao seu dentista, pode ser útil. Em algumas situações, a colagem dos fragmentos pode deixar o dente quase que perfeito.
Se atingir a polpa (nervo) não vai ter como escapar do tratamento de canal. E existem casos que mesmo não havendo exposição da polpa, pode haver necessidade de tratar o canal porque houve rompimento dos feixes vasculares e nervosos que estão lá na pontinha da raiz, o ápice dentário.
Até aí o tratamento está sendo feito a contento, são soluções rápidas e corriqueiras de um consultório dentário, mas se houver avulsão total, vai ser necessário, como disse acima, um reimplante. E algumas regrinhas podem ser essenciais para o sucesso do reimplante. Vamos lá:
O sucesso do reimplante não é duradouro, mas ainda assim não se deve desesperar por isso. Soluções estéticas são bem acessíveis e realmente ficam boas. E, claro, traumatismos na região da face podem ser mais severos e causar transtornos permanentes para qualquer um. No mais, é torcer para isso nunca acontecer com nossos filhotes.
Por Dr. José Reynaldo Figueiredo, especialista em Odontopediatria, Odontologia para pacientes com necessidades especiais, Implantodontia e Habilitação em Odontologia Hospitalar e Laserterapia.
Atualizado em 11 de julho de 2024