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Foto: Ricardo Godoy
Segundo o relatório ‘II VIGISAN – 2022’, 60% dos domicílios brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar e 33 milhões de pessoas estão passando fome no Brasil. O percentual de residências com crianças abaixo de 10 anos com insegurança alimentar grave praticamente dobrou de 2020 para 2022, passando de 9,4% para 18%, e quando esses lares têm três ou mais pessoas com até 18 anos o número sobe para 26%.
Como eu sempre digo, a fome em crianças é urgente, pois ela atinge a criança para o resto de sua vida. Líderes empresariais, políticos e a sociedade como um todo devem desempenhar um papel central, reunindo investimentos e esforços para erradicar a fome na infância. Não podemos assistir inertes a esse cruel processo de roubar o futuro de nossas crianças e de sermos uma sociedade melhor.
Com essas palavras, dei início ao 4º Fórum de Políticas Públicas na Infância e Adolescência da Fundação José Luiz Egydio Setúbal (FJLES), que ocorreu em São Paulo, no dia 5 de outubro. No evento, tivemos a oportunidade de reunir pesquisadores, professores e pessoas que trabalham com o tema da Insegurança Alimentar.
Na parte da manhã, foram apresentadas as consequências da fome na saúde da criança e, posteriormente, apresentamos alguns casos de sucesso como o da prefeitura de Tupã no interior de São Paulo, o do IPTI em Santa Luzia de Itanhy, em Sergipe, e da Pastoral da Criança, que atua em todo o país. Para finalizar a manhã, houve um debate sobre renda básica, onde mostramos o caso de Maricá do Rio de Janeiro, e o “Cartão Mais Infância” do Ceará, discutindo as vantagens e os problemas de um programa de distribuição de renda.
Na parte da tarde, pesquisadores de vários centros universitários de todo o Brasil, além desses que apresentaram os casos, discutiram seus projetos de pesquisa e seus programas de enfretamento à insegurança alimentar. O problema voltou a piorar em 2018, depois do Brasil ter saído do mapa da fome em 2012. Desde então, isso vem piorando anualmente devido a vários problemas, mas principalmente pela estagnação econômica do país, que levou a um desemprego nunca visto. A consequência disso é que já se vão cinco anos de fome entre as crianças pequenas e sem grandes perspectivas de melhora desse quadro nos próximos cinco anos, o que atingirá toda uma geração.
Médicos, pediatras, neurologistas, psicólogos e outros profissionais que trabalham com a primeira infância sabem que elas terão seus cérebros afetados e, por isso, terão dificuldades cognitivas, maiores problemas de saúde e, certamente, não serão cidadãos do mundo que está por vir, muito mais digital.
A fome não pode esperar, precisamos atuar agudamente com programas de fornecimento de alimentos saudáveis para essas crianças e jovens, pois é a partir de uma infância saudável que construiremos uma sociedade melhor, mais justa e menos desigual.
Saiba mais:
https://institutopensi.org.br/19300-2/
https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/fome-oculta-das-nossas-criancas/
https://institutopensi.org.br/uma-sociedade-saudavel-comeca-por-uma-infancia-saudavel/
https://institutopensi.org.br/aleitamento-materno-e-muito-importante-para-a-promocao-da-saude/