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A obesidade e os fatores de risco para a doenças cardiovasculares e metabólicas (alterações dos níveis de açúcar e colesterol no sangue, pressão alta) são as principais causas de mortalidade no mundo todo. Quando se desenvolvem na infância e adolescência, estes fatores de risco têm grande probabilidade de persistência na vida adulta, aumentando o risco para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como o diabetes mellitus e a hipertensão crônica. Portanto, para a redução da frequência, gravidade e mortalidade por DCNT é crucial reverter o aumento dos fatores de risco para estas doenças ainda em estágios precoces da vida. E qual a participação do café da manhã nisso?
Diversos estudos comprovaram que melhorar a qualidade da alimentação nos primeiros anos de vida (o que diz respeito à alimentação da mulher em idade fértil, da gestante e da mãe que amamenta também) é uma das estratégias prioritárias para a modificação dos fatores de risco para DCNT na infância, reduzindo a frequência e as complicações dessas doenças na vida adulta. Por outro lado, as pesquisas com adolescentes demonstraram que aqueles que pulam o café da manhã têm mais facilidade para desenvolver excesso de peso ao longo dos anos e maior chance de tornarem-se adultos obesos.
O café da manhã é considerado uma das refeições mais importantes do dia: fornece cerca de 25% da recomendação diária de consumo de energia. Permite incluir alimentos ricos em cálcio, zinco, energia e outros micronutrientes, às vezes pouco presentes ou aceitos pelas crianças nas refeições principais. Além disso, é uma refeição mais prática para preparar e compartilhar em família proporciona momentos de afeto e ternura e deliciosas lembranças do aroma de fubá, do pão quentinho, do café coado. Outra vantagem é que no desjejum, os alimentos podem ser apresentados em formatos que permitem mais controle e mais autonomia da criança sobre sua alimentação (sanduíches, frutas em pedaços e fatias, flocos ou biscoitos de cereal), possibilitando àquelas com dificuldades alimentares utilizarem as próprias mãos para comer, prática que lhes confere mais conforto e, em alguns casos, favorece a aceitação.
Além dos aspectos relacionados ao estado nutricional e à prevenção de DCNT na vida adulta, há outros motivos para incluir o café da manhã na rotina da família. Existe uma clara associação entre o consumo adequado do café da manhã na infância e adolescência com melhor desempenho e maior prática de atividades físicas, um estilo de vida mais saudável, maior qualidade do sono e melhor desempenho cognitivo e acadêmico!
Um ponto importante é que os principais benefícios à saúde associados ao consumo do café da manhã na infância e adolescência estão condicionados a três aspectos “chave” que fazem desta prática um hábito saudável:
Dessa forma, o “tradicional” café da manhã do brasileiro (o café e pão com manteiga na chapa, pedido no balcão da padaria), é delicioso, mas parece não ser o mais adequado para as crianças e os adolescentes. Outros hábitos inadequados e frequentes em nosso meio incluem a adição de açúcar às bebidas, o consumo excessivo de achocolatados, café e sucos industrializados e o consumo de biscoitos, embutidos e salgados ricos em gorduras trans e sódio.
Finalmente, é essencial reforçar que os pais desempenham um papel essencial no estabelecimento e fortalecimento de hábitos alimentares saudáveis na infância, como tomar café da manhã. Prova disso é que a frequência de consumo dessa refeição é menor quanto maior a idade da criança (e menor a influência dos pais): em média 12% dos adolescentes pulam o café da manhã quase todos os dias, sendo frequente a substituição por um lanche de menor qualidade na escola.
As razões pelas quais os filhos pulam o desjejum diferem das dos pais, mas compartilhar um café da manhã deliciosamente preparado em casa é uma forma igualmente prazeirosa e saudável de começar o dia para a família toda.
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