PESQUISAR
Fruto de parceria com a Secretaria Municipal da Saúde, novo ambulatório do PENSI deve atender 600 crianças por mês pelo SUS e diminuir em 24% a fila de espera por uma consulta com especialistas em pediatria na capital
Está tudo cheirando a novo: recepção, cinco consultórios, sala de coleta de sangue e ainda duas salas de apoio multiprofissional para tratamento de crianças autistas. Assim é o espaço PENSI Ambulatórios Pediátricos (PAPE), no prédio onde hoje funciona a sede do Instituto PENSI, na mesma quadra do Sabará Hospital Infantil, em Higienópolis, São Paulo. O PAPE é fruto de um acordo de cooperação firmado em março entre a Secretaria Municipal de Saúde, o PENSI e a Fundação José Luiz Egydio Setúbal (FJLES). O objetivo do ambulatório é atender pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com hora marcada, cerca de 600 crianças por mês — o que significa diminuir em 24% a fila de espera por uma consulta em pediatria na capital.
A partir da inauguração, programada para julho, sete especialidades estarão disponíveis: pediatria, neuropediatria, fonoaudiologia, pneumopediatria, alergia e imunologia, gastroenterologia e nutrição, com médicos e outros profissionais, em sua maioria, pertencentes ao corpo clínico do Sabará. Exames como ultrassom, ressonância magnética, tomografia, espirometria (medição da capacidade pulmonar da criança), eletroencefalograma serão realizados no Laboratório Dasa e subsidiados pela FJLES. Além disso, no laboratório de pesquisa do PENSI realizaremos a imunofenotipagem por citometria de fluxo (exame realizado para detectar se há imunodeficiência em casos de crianças que tiveram alteração no teste do pezinho), compromisso assumido para dar sequência a um dos grandes projetos de pesquisa realizados no PENSI: a ampliação do teste de Triagem Neonatal.
O acordo de cooperação prevê investimento anual de 1,9 milhão de reais do PENSI, sem contrapartida financeira da administração municipal. “É a primeira experiência 100% assistencial em saúde pública da fundação”, conta José Luiz Setúbal, presidente da FJLES. “O projeto constrói uma relação com a área de saúde da prefeitura, amplia o espectro da pesquisa no PENSI, complementa as ações estratégicas do Sabará e traz uma diversidade aos atendimentos, sempre muito bem-vinda.” Serão cerca de 7.500 consultas e exames por ano. Todas as crianças e adolescentes atendidos (0 a 17 anos) virão do Sistema Integrado de Gestão de Assistência à Saúde de São Paulo (Siga/Saúde). A plataforma integrada de apoio à gestão do SUS organiza e controla o fluxo de pacientes, regula o acesso aos serviços de saúde e registra o atendimento em todos os níveis de atenção. “Com esse volume de consultas e exames, vamos aumentar significativamente o banco de dados na nossa área de pesquisa. Haverá uma grande sinergia entre o instituto, o Sabará e a prefeitura”, completa Carla Regina Furlani, gerente administrativa do PENSI e responsável pelo PAPE.
Olhar completo
Existem três pilares importantes quando se fala em saúde infantil: promoção, prevenção e o tratamento propriamente dito, que pode ser clínico, cirúrgico, terapêutico, entre outros. Dentro da prevenção, há a primária (foco no bem-estar total, quando se usam os recursos para prevenir qualquer agravo à saúde); secundária (quando a criança já tem um problema e recebe cuidados para evitar que o problema se agrave) e terciária (quando a doença é crônica, muitas vezes sem cura, irremediável, e o trabalho então é o de prevenir complicações). Tudo isso para buscar o bem-estar psicossocial, que é a definição de saúde pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ou seja, não há produção de saúde sem produção de saúde mental. Logo, é preciso levar em conta que, quando se prestam cuidados em saúde, devem ser consideradas as dimensões biológica, psíquica e social dos indivíduos. Se uma criança ou um adolescente apresentam algum grau de sofrimento (com angústias, medos, conflitos intensos, por exemplo), não será possível tratar sua saúde sem considerar esse componente emocional. Muitos sintomas físicos têm origem em situações de sofrimento psicológico de causas diversas.
Como instituição de saúde infantil, que visa esse olhar completo, o PENSI avançou na concepção e concretização do PAPE. “O espaço também será importante para o desenvolvimento dos nossos residentes, pós-graduandos e estagiários nessa compreensão encadeada da prevenção da saúde infantil nos três aspectos: prevenção, promoção e tratamento”, diz Fátima Rodrigues Fernandes, diretora executiva do PENSI. “Essa ideia ganha força também pelo fato de a gente reconhecer que os grandes serviços de pediatria, de grandes universidades, com a evolução tecnológica, passaram a focar bastante em tecnologia, mesmo dentro da pediatria. Isso é moderno e importante, mas não podemos nos esquecer do olhar holístico para as crianças e suas famílias. Temos essa ideologia de formar pediatras fortes em puericultura, médicos que saibam acompanhar a criança em todos os aspectos de seu desenvolvimento físico, neurológico e psicossocial, além de detectar sinais de alerta para doenças, fazer todas as ações que visam a prevenção como, vacinação, orientação da alimentação, controle de peso, e por aí vai.”
Autismo
Quando criado, o ambulatório foi pensado para oferecer um ambiente propício às crianças com transtornos do espectro autista, com dificuldade de interação social e hipersensibilidades auditiva e visual. A iluminação, por exemplo, é invertida para deixar o ambiente mais confortável; as cores são pouco vibrantes; e foi feito um tratamento acústico para proporcionar pouco barulho. Uma das salas, com jump, elásticos, entre outros equipamentos, será usada pelos terapeutas ocupacionais para estímulos físicos e emocionais. A outra, ao lado, é a chamada multiprofissional, onde atuarão fono e psicólogo na terapia ABA (Applied Behavior Analysis), a análise do comportamento aplicada. Trata-se de um reforço positivo quando a criança evolui em alguns marcos do desenvolvimento. A ABA envolve o ensino intensivo e individualizado das habilidades necessárias na aquisição de independência e melhor qualidade de vida.
Ali será executado o Projeto Assistencial, inscrito pelo PENSI no Programa Nacional de Apoio à Atenção de Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas/PCD), do Ministério da Saúde, em 2019. O projeto visa padronizar uma modalidade de atenção à criança com TEA que possa, posteriormente, servir de modelo para implantação em saúde pública. “Por um período de 24 meses vamos acompanhar 30 crianças autistas de 0 a 6 anos moradoras da capital ou arredores”, diz Yasmine Rocha Martins, neuropsicóloga do PENSI. Essas crianças serão prospectadas em Centros de Atenção Psicossocial (Caps) ou Unidades Básicas de Saúde (UBS) de São Paulo. “É um orgulho enorme participar desse projeto, que tem a relevância de poder mudar completamente a vida dessas 30 crianças e suas famílias, que não teriam esse tipo de atendimento nem no SUS nem em um convênio.”
Por Rede Galápagos
Leia mais:
Terapia ABA: conheça esse método para crianças com autismo
“É preciso não ter medo de abraçar o novo”
Da casa de barro aos laboratórios do mundo
Sabará e PENSI produzem ciência sobre terapia intensiva
[Cadastre-se AQUI para receber a newsletter do Instituto PENSI]
mensagem enviada
Olá , gostaria de saber quais os procedimentos para conseguir o atendimento para meu filho autista.
Prezada Tamires Novaes, agradecemos o contato! As crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) atendidas neste espaço participam de uma pesquisa específica, que possui incentivo do Programa Nacional de Apoio à Atenção de Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas/PCD), do Ministério da Saúde. Elas serão prospectadas apenas em Centros de Atenção Psicossocial (Caps) ou Unidades Básicas de Saúde (UBS) de São Paulo. Diante disso, não é possível agendar um atendimento de forma direta. Permanecemos à disposição! Instituto PENSI.