Alguns artigos recentes têm mostrado uma tendência maior de pais que buscam alimentos mais saudáveis, orgânicos e com maior custo agregado, com possível enriquecimento com vitaminas, minerais e outros ingredientes tidos como funcionais (ômega três, probióticos, prébióticos e simbióticos). Sem levar em conta que se tratam de pesquisas usualmente relacionadas ao marketing, sem representatividade e sem haver contato com as classes sociais e econômicas com menor acessibilidade, estas tendências afetam um nicho bastante específico da população, que não denotam a realidade do país.

O empobrecimento, o aumento da insegurança alimentar e a dificuldade de compra de alimentos básicos não dão espaço a alimentos mais caros e de valores pouco reconhecidos pela população geral. Não é ruim que busquemos alimentos mais adequados, saudáveis, frescos, sem riscos e com melhor relação nutricional. O que não podemos é confundir com produtos que não tem evidência científica clara de que realmente possam fazer alguma diferença.

Alimentos orgânicos tem a vantagem de não serem contaminados com defensivos agrícolas e possibilitam o incremento da agricultura local e familiar, mas nem sempre apresentam um adequado controle sanitário e não garantem a qualidade inconteste.

Uma outra dúvida frequente é: “O que é um alimento saudável?”. Existiria um alimento saudável sem se analisar a frequência de consumo e as ocasiões de utilização? Um exemplo: um sanduíche de rede de comidas rápidas, com carne, salada, queijo e pão, seria ruim se consumido uma vez por mês ou a cada dois meses? Já um alimento considerado saudável, quando consumido em excesso e fora da rotina, poderá causar danos importantes à saúde?

O equilíbrio nutricional determina que podemos ter mais do que um alimento saudável, temos que ter uma alimentação saudável. Esta seria aquela que contemplasse todas as refeições, combinações de alimentos adequados à idade, ao padrão econômico e a possibilidade de compra e preparos corretos, em frequência específica. Uma alimentação que pudesse equilibrar saúde, praticidade, origem, preço e orientação adequada.