PESQUISAR
“O que é que há, velhinho?”. Quem não lembra da famosa pergunta que era feita pelo coelho Pernalonga nos desenhos animados da sua turma. Ela foi feita, pela primeira vez, num curta-metragem intitulado “A Lebre Selvagem”, lançado em 27 de julho de 1940, mas o grande responsável pela remodelação dos personagens foi o diretor Tex Avery (1908-1980), um dos grandes mestres da animação do século 20 alguns anos depois.
Talvez esta turma esteja no rol dos politicamente incorretos, e muitos achem que eles são os pais do bullying, exibindo uma violência física e emocional. Eram o anti-Disney, em que há um início, meio e fim em que o bem vence o mal. Ao contrário de outros personagens da década de ouro da animação, Pernalonga continua mais atual do que nunca, é um dos personagens mais interessantes do cinema de animação, tendo, já nos anos 40, pervertido as convenções ao encarnar todos os gêneros que você possa imaginar, chegando a usar saia e batom em alguns desenhos. Nunca respeitou muito as convenções. Como naqueles filmes mudos chamados de “screwballs”, campeões em mostrar carros batendo, tortas jogadas na cara e brigas físicas, os desenhos de Pernalonga carregam boas doses de violência.
Para se ter uma ideia da presença de Bugs Bunny – nome original do personagem – no imaginário popular, ele conseguiu desbancar ninguém menos do que Mickey Mouse, ícone da Disney, como o mais querido de todos os tempos entre os protagonistas de desenhos animados, em eleição realizada pela revista americana “TV Guide”, em 2002, deixando também para trás os seus contemporâneos Gato Félix, Popeye e Tom & Jerry.
Perguntei aos meus netos se eles viam e gostavam da turma do Pernalonga, e a resposta foi sim, embora não tão empolgante talvez como se eu perguntasse para alguém com mais de 40 anos. Acredito que personagens como Pernalonga e sua turma que questionam de certa forma nossa sociedade e o politicamente correto são sempre bem-vindos e é muito bom vê-los sobrevivendo tanto tempo em um mundo cada vez mais descartável.
Saiba mais sobre este assunto:
Tom e Jerry e a polêmica do politicamente incorreto