PESQUISAR

Sobre o Centro de Pesquisa
Sobre o Centro de Pesquisa
Residência Médica
Residência Médica
Existe uma maneira correta para educar os filhos?
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Google Plus Compartilhar pelo WhatsApp
Existe uma maneira correta para educar os filhos?

Existe uma maneira correta para educar os filhos?

24/09/2012
  2135   
  0
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Google Plus Compartilhar pelo WhatsApp

Saiba mais sobre os estilos parentais que influenciam na qualidade de aprendizado das crianças

pais e filhos - educação

Em um mundo competitivo, cujo pensamento do “politicamente correto” impera e a tecnologia está em abundância, os pais parecem ter perdido um pouco a noção de como educar os filhos. A pergunta sobre o melhor estilo de educá-los é lançada com frequência para os pediatras. No texto de Lea e Marc Bornsten, da Universidade da Pensilvânia, publicada na Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância, ambos analisam alguns fatos relevantes.

Grande parte dos estudos contemporâneos sobre estilos de práticas parentais desenvolvem conceitos propostos por Diana Baumrind. Em sua pesquisa formativa realizada na década de 1960, foi descrito um sistema de classificação em três grupos. A partir do advento desse tipo de pesquisa – geralmente conduzida por meio de observações diretas, questionários e entrevistas com os pais e as crianças –, a classificação se baseou em duas grandes dimensões de estilos parentais:

Controle/exigências: exigências que os pais fazem em relação à criança, ligadas a maturidade, supervisão e disciplina;

Responsividade: ações que estimulam a individualidade, a autorregulação e a autoafirmação, por meio de uma atitude harmoniosa e apoiadora.

Os pesquisadores contemporâneos normalmente classificam os estilos parentais em quatro grupos:

Autoritário: caracterizado pelo alto nível de controle e baixo nível de responsividade;

Tolerante e permissivo: caracterizado por baixo nível de controle e alto nível de responsividade;

Autoritativo: caracterizado por altos níveis de controle e responsividade;

• Negligente: caracterizado por falta tanto de controle como de responsividade.

Geralmente, a pesquisa se associa ao estilo parental autoritativo – que caracteriza pais que mantêm um equilíbrio entre exigências e responsividade – e as competências sociais maiores na criança. Assim, os pequenos que têm pais autoritativos são mais hábeis nos primeiros relacionamentos interpessoais, têm menor envolvimento com drogas na adolescência e gozam de maior bem-estar afetivo no começo da vida adulta.

Embora, aparentemente, os estilos autoritário e permissivo representem extremos opostos do espectro das práticas parentais, nenhum deles foram relacionados a resultados positivos. Isso ocorre, provavelmente, porque ambos minimizam as oportunidades da criança para aprender a lidar com o estresse. O excesso de controle e de exigências podem limitar as oportunidades dela em tomar decisões próprias ou em comunicar as necessidades aos pais.

Por outro lado, crianças que crescem no seio de uma família permissiva/indulgente podem carecer da orientação e da estrutura necessárias para desenvolver o senso moral e a capacidade de fazer escolhas adequadas.

A pesquisa revelou também associações significativas entre os estilos parentais no decorrer das gerações. Aparentemente, práticas parentais tanto boas quanto ruins podem ser “transmitidas”. Ainda que esses tipos de resultado pareçam sólidos, sua aplicabilidade por meio de diferentes ambientes e diferentes culturas são discutíveis.

Muitos estudos concentram-se em famílias e crianças brancas de classe média (nos EUA), mas é possível que os pequenos de outras origens étnicas, raciais, culturais ou socioeconômicas se saíam melhor com outros tipos de orientação. As controvérsias recentes dizem respeito aos efeitos dos diferentes estilos parentais sobre o desenvolvimento social da criança nas famílias com baixo nível socioeconômico (NSE), em situação de alto risco e que vivem em bairros carentes.

Enquanto alguns estudos sugerem a necessidade de estilos parentais mais autoritários em meios de alto risco, outros apresentam os benefícios contínuos do estilo parental autoritativo. Outro elemento importante dessas pesquisas é a ideia de que, na verdade, as práticas parentais poderiam fazer “menos diferença” nas famílias com baixo nível socioeconômico (NSE). Tudo isso, devido ao maior peso de fatores ambientais, tais como dificuldades financeiras e taxas de criminalidade elevadas.

As diferenças étnicas e culturais também devem ser levadas em consideração no estudo dos efeitos dos estilos parentais sobre o desenvolvimento social da criança. É difícil fugir de pressões sociais que julgam certos estilos parentais como sendo os melhores – normalmente aqueles que refletem a cultura dominante. O estilo parental autoritário, que geralmente é ligado aos resultados sociais menos positivos para a criança, tende a prevalecer em meio a minorias étnicas.

Em famílias asiáticas, esse estilo parental é relacionado a resultados sociais positivos e ao sucesso escolar, em parte, por conta dos objetivos e da educação dos pais, específicos das famílias de origem asiática. Ainda que a qualidade das práticas parentais inevitavelmente se ajustem, melhorem ou piorem no decorrer do crescimento das crianças, e que os pais encontrem novos desafios, os estilos parentais permanecem relativamente estáveis durante longos períodos de tempo.

Conclusões

A informação e a educação sobre estilos parentais adequados e o estabelecimento precoce de práticas eficazes são importantes para a adaptação social e o sucesso da criança.

Em muitas situações, um estilo parental autoritativo, flexível e afetuoso é o mais benéfico para o desenvolvimento social, intelectual, moral e emocional da criança. No entanto, a pesquisa sobre interações entre pais e filhos deve ser ampliada continuamente, a fim de avaliar os resultados, não só em uma maior diversidade de grupos étnicos, raciais, culturais e socioeconômicos, mas também em meio a crianças de diferentes faixas etárias. Desse modo, os benefícios da pesquisa poderão favorecer famílias em todos os tipos de situação.

Fonte: Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância ©2011 CEECD / SKC-ECD  Bornstein L, Bornstein MH

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

deixe uma mensagem O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

posts relacionados

INICIATIVAS DA FUNDAÇÃO JOSÉ LUIZ EGYDIO SETÚBAL
Sabará Hospital Infantil
Pensi Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil
Autismo e Realidade

    Cadastre-se na nossa newsletter

    Cadastre-se abaixo para receber nossas comunicações. Você pode se descadastrar a qualquer momento.

    Ao informar meus dados, eu concordo com a Política de Privacidade de Instituto PENSI.