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A Era da Comunicação? E que tipo de comunicação?
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A Era da Comunicação? E que tipo de comunicação?

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10/02/2015
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Numa charge que vi outro dia uma mãe respondia ao telefone: “Estamos todos aqui juntos vendo televisão! Mas não vendo televisão juntos…” O desenho era de uma família em uma sala de estar, cada um com um aparelho na mão assistindo, digitando, alguma coisa. Que cena comum! Outra engraçada e muito típica foi uma foto de várias pessoas num ponto de ônibus e o texto chamando a atenção para um ser estranho: um homem que não estava ao celular como os demais, mas olhando ao redor! Que loucura! É só passearmos pela rua e observar as pessoas que perceberemos que a grande maioria não olha em volta, mas está presa à tela do aparelho. Se pararmos um pouco para pensar é assustador.

Gosto de ficar observando as pessoas quando ando por aí, nas ruas, nos shoppings, parques. Mães, pais, babás, quase todos com seus aparelhos, olhando para eles ao empurrar os carrinhos, nos momentos em que estão brincando com as crianças nos parquinhos… Brincando com elas ou estando presentes simplesmente? Outro dia vi uma foto de uma celebridade cuja chamada era: Fulano é um super pai e procura estar presente em todos os momentos do filho. O Fulano estava buscando seu filho na escola, falando ao celular, com outro aparelho na mão enquanto o menino puxava-o pela roupa, claramente querendo chamar sua atenção.

Pegue-se uma viagem de carro em família. O que as crianças fazem durante esse tempo em que estão presas no veículo? Jogam joguinhos, assistem a um filme, utilizam seus celulares (ou os dos pais, que, tirando o que está dirigindo, está fazendo a mesma coisa). E a paisagem, o entorno, quem observa? Quem olha? As crianças não. Perdem a oportunidade de ver os animais, a vegetação, observar coisas diferentes. E conversar? Existe isso? Hum… pais ocupados com celulares, navegando, conversando… muito pouca atenção.

Sinais dos tempos, claro, modernidade. Não sou saudosista, não caminho contra, pelo contrário, sou bem plugada. Mas acredito que temos que ao menos pensar no assunto. Nem que seja para tomar a decisão de que é assim mesmo, que as pessoas de agora em diante passarão a se relacionar somente virtualmente. Como nas mesas nos restaurantes. Várias pessoas à mesa, sem conversar entre si, a não ser para mostrar algo no celular e falando, mandando mensagens para outras pelo aparelho. Eu mesma me vejo muitas vezes tendo essa atitude com meus filhos: “Filho, o jantar está na mesa!” “Ok mamãe, já vou!” Mando mensagem para eles!

Celulares e afins já são tão parte do dia a dia que os carregamos para todos, todos os lugares. Cama, mesa, banheiro… Já está em desenvolvimento um aparelho que é uma pulseira aderente ao pulso. Daqui a um tempo todos os seres humanos o portarão sem nem perceber (chute meu, futurologia). E o desenvolvimento tecnológico não pára, não pode. E assim caminha a humanidade.

Não sabemos ainda o efeito que isso tem nas crianças, no desenvolvimento delas, pois é uma realidade recente. Saberemos as diferenças nos relacionamentos entre as pessoas num futuro próximo, quando teremos dados e históricos para analisar. Mas certamente a mudança é muito grande.

Fica a ideia para pensar. Como está o relacionamento com meu(s) filho(s). Virtual? Ou real? Qual a atenção que dou a ele? Como estamos vendo os filhos, as crianças? Como está sendo esse tempo com eles? Com os olhos e concentração nos aparelhos ou neles? Dedicado ou atravessado? Como está a atenção de meu(s) filhos(s) para comigo? No aparelho ou em mim?

Leia também: Mídias sociais e a saúde mental de seus filhos: o que dizem as pesquisas?

Por Letícia Rangel, psicóloga

Atualizado em 24 de julho de 2024

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