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Com dezenas de áreas temáticas e centenas de especialistas, o evento promove a troca de conhecimento sobre as mais recentes inovações em pediatria, com destaque para a saúde mental, doenças das vias aéreas e o atendimento humanizado. Abordagens práticas e teóricas visam aprimorar o cuidado infantil.
O 7º Congresso Internacional Sabará-PENSI de Saúde Infantil foi aberto hoje, consolidando-se como um dos principais encontros para pediatras e especialistas em diversas áreas, como medicina, enfermagem, fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia, bioética, odontologia hospitalar e inovação. O evento promove o aprendizado e a troca de conhecimento entre profissionais da saúde, abordando tanto aspectos práticos quanto teóricos. Nesta edição, o congresso reúne dezenas de áreas temáticas e centenas de especialistas, com destaque para o seminário sobre o impacto das mudanças climáticas na saúde infantil, que será realizado na sexta-feira, discutindo as interconexões entre o ambiente e a saúde, explorando como as mudanças climáticas afetam o bem-estar infantil e como o conceito de saúde pode ser ampliado para incluir questões sociais e ambientais.
José Luiz Egydio Setúbal, presidente da FJLES e vice-presidente do Instituto PENSI, ressaltou a importância crescente do evento: “Nosso congresso se consolida como um dos espaços mais relevantes para aprendizado, atualização e troca de conhecimento em pediatria no país. Ele reflete a força das três instituições que o promovem: o PENSI, o Sabará Hospital Infantil e o Infinis, que juntos impulsionam a inovação e a excelência na saúde infantil”. E, ao mediar um dos seminários (leia mais, abaixo), enfatizou: “O nosso papel enquanto instituição filantrópica é fazer essa articulação entre academia, governo e setor privado. A gente é um país muito desigual, não só economicamente, e precisamos nos juntar como sociedade para andar para frente e ajudar a resolver os tantos problemas que temos”.
Fátima Fernandes, diretora executiva do PENSI, complementou: “Este é o nosso maior e melhor congresso desde sua primeira edição, em 2012, quando, comemorando os 50 anos do Sabará Hospital Infantil, inauguramos esse evento socioeducativo voltado para pediatras e especialistas em pediatria, abrangendo diversas áreas, tanto clínicas quanto cirúrgicas”. Felipe Lora, CEO do Sabará Hospital Infantil, destacou que o hospital, por meio de sua excelência assistencial, busca ser local de suporte para todos os pediatras. “O Congresso PENSI-Sabará é um exemplo disso! São dias dedicados a discussões de especialistas focados na atuação do pediatra, o que resulta em um canal de comunicação que se realiza por meio da escuta e percepção dos interesses e opiniões desse parceiro que orquestra o cuidado médico em saúde infantil.” A cerimônia de abertura contou com uma palestra de Joel Pinheiro da Fonseca, mestre em filosofia pela USP e economista pelo Insper, comentarista da GloboNews e colunista da Folha de S.Paulo.
Vias aéreas
Um dos palestrantes mais esperados do dia foi o dr. Leonard Bacharier, especialista no tratamento da asma grave. Convidado do 7º Congresso Internacional Sabará-PENSI de Saúde Infantil, ele apresentou no Encontro Multidisciplinar de Doenças das Vias Aéreas (EMDVA) os resultados mais recentes de suas pesquisas clínicas. Bacharier, professor de pediatria e diretor do Centro de Pesquisa em Asma Pediátrica no Monroe Carell Jr. Children’s Hospital, na Vanderbilt University, lidera estudos sobre novas terapias para crianças com asma grave e fatores relacionados à bronquiolite. O EMDVA, parte central do congresso, debateu inovações no tratamento das doenças das vias aéreas, reunindo especialistas para discutir temas como asma e infecções respiratórias. Para saber mais sobre os principais desafios e inovações apresentados no encontro, acesse a matéria Desafios e inovações no tratamento das doenças das vias aéreas. Além disso, confira a entrevista exclusiva com o dr. Leonard Bacharier em Biológicos revolucionam o tratamento da asma grave.
Ética e pesquisa
Dentro da programação Ética e Metodologia em Pesquisa Pediátrica, a última mesa foi sobre “A pesquisa como potencializador para políticas públicas e sua colaboração para o desenvolvimento da saúde”, mediada por José Luiz Egydio Setúbal, presidente da fundação que leva o seu nome. A primeira apresentação foi da professora Magda Carneiro Sampaio, titular de Pediatria Clínica na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sobre as evidências da importância do aleitamento materno. “O leite humano carrega duas vezes mais IgA (Imunoglobulina A) que o encontrado na saliva humana”, diz. A professora destacou que a nova fronteira na pesquisa sobre o leite humano são os microRNA. “Elas carregam informações genéticas essenciais para o desenvolvimento imunológico e metabólico dos bebês”, afirma. Magda terminou a apresentação com uma constatação desalentadora: “Como se vê, conhece-se muito sobre aleitamento, sabe-se de todas as vantagens, mas pouco se pratica, especialmente pelas pessoas que têm capacidade de entender. As mulheres que continuam amamentando o fazem mais por conta de fatores culturais”, completa ela, lamentando a falta de políticas de incentivo.
Luiz Vicente Rizzo, diretor de pesquisa do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, reforçou a importância das políticas de estado serem feitas com embasamento científico apropriado. “Temos que criar esse bom embasamento científico, seja como sociedade civil ou como médicos, com o nosso papel educacional até mesmo com os pacientes”, diz. A imunologista e pesquisadora Ester Sabino destacou a importância das colaborações entre instituições de pesquisa e o poder público para melhorar a saúde. “Não é simples quando você quer incluir algo novo no poder público. Temos uma necessidade de mudança de mentalidade tanto do poder público quanto dos cientistas sobre o tipo de pesquisa que deve ser feita. Essa relação precisa melhorar. O sistema ainda tem uma desconfiança muito comum em relação à universidade”, afirmou ela, enfatizando a necessidade de maior integração e confiança entre essas esferas para promover avanços significativos na saúde pública. “O nosso papel enquanto instituição filantrópica é fazer essa articulação entre academia, governo e setor privado”, concluiu Setúbal. “A gente é um país muito desigual, não só economicamente, e precisamos nos juntar como sociedade para andar para frente e ajudar a resolver os tantos problemas que temos”.
Cuidados intensivos
Entre os eventos do primeiro dia do congresso tiveram destaque temas relacionados a cuidados intensivos sobre os quais haverá mais informações nas próximas edições de Notícias da Saúde Infantil durante o Congresso. Na foto acima, Jamie McElrath Schwartz, professora associada de anestesiologia e medicina intensiva na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins e líder de equipes no Heart Center e na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Johns Hopkins Hospital, compartilhou sua experiência no painel Programa Teórico-Prático: ECMO em Pediatria. Leia uma entrevista com ela.
Acima, registro de um momento do Simpósio de Medicina Intensiva Pediátrica, quando o dr. José Luiz Setúbal fala sobre o livro PELA VIDA — Os 50 anos da UTI pediátrica no Brasil e a história da UTI do Sabará Hospital Infantil, pela FJLES, Instituto PENSI e Sabará Hospital Infantil, observado pelo dr. Nelson Horigoshi, um dos autores da obra. O diagnóstico e manejo do choque séptico e monitorização neurológica no mal convulsivo foram temas de destaque no simpósio.
Saúde mental de crianças e adolescentes
O dr. Guilherme Polanczyk, uma das principais referências em psiquiatria infantil no Brasil, conduziu a primeira aula magna do Congresso Internacional Sabará-PENSI de Saúde Infantil com o tema “Como anda a saúde mental de nossas crianças e adolescentes”. Durante sua apresentação, Polanczyk discutiu o impacto crescente da pandemia de covid-19 sobre a saúde mental dos jovens, destacando o aumento de casos de depressão, ansiedade e transtornos de comportamento devido ao isolamento social e à interrupção das aulas.
Polanczyk enfatizou a importância do diagnóstico precoce de transtornos mentais, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), e propôs uma abordagem multifacetada para o tratamento, integrando fatores genéticos e ambientais. O psiquiatra também alertou para o aumento de suicídios entre jovens e sugeriu a criação de políticas públicas focadas no atendimento psicológico e psiquiátrico dessa população. Ele defendeu o papel fundamental das escolas e das famílias no reconhecimento precoce dos sinais de problemas de saúde mental e propôs estratégias para capacitar professores e profissionais de saúde a lidar com essas questões. Polanczyk ainda destacou as desigualdades no acesso ao tratamento, apontando a necessidade urgente de maior equidade nas redes de saúde, especialmente em regiões menos favorecidas. Sua palestra reforçou o papel essencial de ações preventivas e da promoção do bem-estar emocional para mitigar os efeitos de longo prazo da pandemia nas futuras gerações.
Child Life
O IV Simpósio Internacional Child Life destacou a importância do cuidado humanizado para crianças e suas famílias em ambientes hospitalares. Sandra Mutarelli, presidente do Instituto PENSI, reforçou a necessidade de abordagens multifacetadas e tecnológicas no cuidado pediátrico. Um dos destaques foi o S.T.A.R. Program, apresentado por Chantelle Bennett e Deborah Spencer, que promove a redução do uso de sedação em crianças neurodiversas. Diversas palestrantes, entre elas Giovana Souza Bertho e Lívia Alves Fernandes, enfatizaram o uso de atividades lúdicas e intervenções emocionais para reduzir o estresse hospitalar. Saiba mais sobre o simpósio nas reportagens Cuidado humanizado com foco na criança e sua família e Com carinho, conforto e conversa, programa muda vida de pacientes com questões sensoriais.
Por Rede Galápagos
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