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Crianças multilíngues: mitos e fatos
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Crianças multilíngues: mitos e fatos

Crianças multilíngues: mitos e fatos

16/12/2024
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Em um mundo cada vez mais globalizado e competitivo, cada vez mais os pais querem que seus filhos possam ter acesso a diversas possibilidades. Como pediatra, fui muitas vezes indagado sobre escolas bilíngues e tive muita experiência com crianças multilíngues, uma vez que atendia pacientes estrangeiros com alguma frequência.

Apesar dos benefícios, muitos pais têm preocupações sobre seus filhos aprenderem mais de um idioma. Isso se baseia em alguns mitos comuns que persistem.

Aqui estão algumas das perguntas comuns que os pais podem ter sobre o multilinguismo e algumas das respostas para ajudar a esclarecer as coisas:

Usar mais de um idioma com bebês e crianças pequenas causa atrasos no desenvolvimento da comunicação?

Não. As crianças estão aprendendo a se comunicar muito antes de usar sua primeira palavra. Esses marcos iniciais de comunicação, como rir, sorrir e balbuciar, são os mesmos em todas as línguas. A maioria das crianças fala sua primeira palavra por volta dos 12 meses. Aos 24 meses, a maioria das crianças usa frases de duas palavras. Esses são os mesmos marcos de desenvolvimento para crianças, não importa a quantas línguas elas sejam expostas.

Se uma criança usa mais de um idioma, o número total de palavras deve ser, aproximadamente, o mesmo que o número usado por uma criança da mesma idade que está aprendendo um idioma. Por exemplo: uma criança que fala português pode ter 50 palavras aos 2 anos. Uma criança que fala português e espanhol pode ter 25 palavras em português e 25 palavras em espanhol. Ambas têm o mesmo número total de palavras.

Usar mais de um idioma com meu filho(a) pode causar algum distúrbio de fala ou linguagem?

Não. Problemas de fala ou linguagem não são causados ​​pelo aprendizado de vários idiomas. É comum que crianças em todo o mundo aprendam vários idiomas sem nenhuma dificuldade. A melhor maneira de uma criança desenvolver fortes habilidades de comunicação é ser exposta ao máximo de linguagem possível.

Pais e cuidadores devem usar a(s) língua(s) com a(s) qual(is) se sentem mais confortáveis ​​ao se comunicarem com seus filhos. Ao serem expostas a vários idiomas, as crianças podem observar e praticar como a comunicação pode mudar com base na situação ou no cenário (como falar com os avós em sua língua materna e com um amigo em português).

Se uma criança tem um problema de fala ou linguagem, ele aparecerá em todas as línguas que a criança usa e um fonoaudiólogo pode ajudá-la.

Aprender mais de um idioma pode confundir meu filho(a)?

Não. Algumas crianças multilíngues podem misturar regras gramaticais de vez em quando ou podem usar palavras de todos os seus idiomas na mesma frase (por exemplo, “quiero mas juice” [quero mais suco]. Isso é normal. Não significa que seu filho(a) esteja confuso(a). Normalmente, aos 3 anos, crianças multilíngues conseguem separar suas línguas. Em outras palavras, elas conseguem usar a linguagem mais apropriada para a pessoa com quem estão se comunicando, seja uma pessoa familiar ou alguém que não conhecem.

Crianças com distúrbios de fala ou linguagem podem aprender mais de um idioma?

Sim! Pesquisas mostram que crianças com distúrbios de fala, linguagem e outros distúrbios de desenvolvimento podem aprender idiomas adicionais. Claro, elas precisarão de muita exposição e oportunidades para praticar — assim como qualquer criança aprendendo mais de um idioma.

Considerando todos os benefícios do multilinguismo, pais e cuidadores não devem hesitar em usar vários idiomas perto (e com) seus filhos que têm um distúrbio de fala ou linguagem. Se seu filho(a) estiver fazendo terapia fonoaudiológica, pergunte ao fonoaudiólogo sobre atividades que você pode fazer com ele(a) para apoiar suas habilidades de comunicação em todos os idiomas.

Como pais estrangeiros, devemos parar de usar nossa língua materna com o filho quando ele entrar na escola para promover o desenvolvimento do português?

Não. Pesquisas mostram muitas vantagens acadêmicas de ser multilíngue. Essas vantagens incluem habilidades aprimoradas de resolução de problemas e multitarefa. Falantes multilíngues também têm vantagens sociais e comportamentais, como foco e autocontrole aprimorados. Você não confundirá seu filho(a), não o(a) atrasará academicamente nem o(a) impedirá de aprender português usando sua(s) língua(s). Você o(a) está preparando para o sucesso acadêmico!

A exposição à linguagem também é importante em formas escritas, como ler livros em sua(s) língua(s) de herança. Isso ajuda a construir o vocabulário. Seu filho(a) também pode aprender ouvindo vídeos, audiolivros e podcasts em sua língua de herança. Você também pode querer explorar instruções formais em sua(s) língua(s), como uma escola ou creche multilíngue.

Se meu filho(a) não aprender um idioma adicional quando for bem pequeno, ele(a) poderá se tornar fluente?

Sim. Crianças pequenas parecem aprender línguas fácil e rapidamente. Isso se deve a um rápido período de desenvolvimento cerebral que ocorre entre o nascimento e os 3 anos. Mas crianças mais velhas e adultos também podem aprender línguas adicionais.

É preciso ser igualmente fluente em todos os idiomas para ser considerado multilíngue?

Não. Não existe uma maneira única ou “certa” de ser multilíngue. Muitas pessoas que são multilíngues têm uma língua que usam mais, mas isso pode mudar com o tempo. Crianças multilíngues geralmente se comunicam usando palavras e línguas que conhecem melhor. O uso e a escolha da língua podem mudar com base em onde elas estão, com quem estão falando e qual é o tópico da conversa. O uso e a prática regulares ajudam as crianças a desenvolverem e reter suas línguas a longo prazo.

Fonte:

Academia Americana de Pediatria e Associação Americana de Fala, Linguagem e Audição (Copyright © 2024)

Saiba mais:

Atualizado em 27 de maio de 2025

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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