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Crianças pequenas e nosso futuro
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Crianças pequenas e nosso futuro

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17/06/2015
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Velhos, doentes, incapacitados e crianças dependem do trabalho e dos impostos dos adultos, ou seja, das pessoas que hoje têm, digamos, de 18-21 a 60-65 anos de idade. Por igual, as crianças, que hoje – 2015 – têm de 0 a 6 anos serão os adultos que daqui a 15 ou 20 começarão a fazer o mesmo para as pessoas que atualmente têm 40 anos ou mais. E assim sempre. Os mais novos são o futuro dos mais velhos, tal como esses são sua garantia, agora. Valorizar, portanto, o que se faz, o que acontece com as crianças pequenas é fundamental para nosso futuro, para o futuro do mundo.

O que estamos fazendo em favor disso? Não se trata apenas de se fazer um raciocínio econômico, uma conta de entrada e saída, mas sim de assumirmos a responsabilidade que nos cabe em planejar e prover as melhores condições para que esses adultos de amanhã, as crianças de hoje, possam fazer bem aquilo que lhes caberá fazer, dado que estarão em nosso lugar.

Prover as melhores condições para as crianças de hoje tendo em vista as expectativas que temos sobre elas amanhã é responsabilidade nossa, exclusivamente nossa. Não se pode esperar delas essa função. Crianças pequenas vivem o seu presente, precisam que suas necessidades básicas, dentre elas a saúde e a educação, sejam atendidas por nós. Precisam poder brincar com objetos, com outras crianças e com adultos. Precisam se sentir seguras e terem confiança em seus cuidadores. Atenção: estou dizendo crianças e não de nosso filho ou neto.

Amanhã, quem sabe, eles – nossos filhos e netos – não estarão aqui, nessa cidade ou perto de nós, mas estarão vivendo em outro país, em outro lugar. Essa é uma característica do mundo atual. As crianças que uma família, escola ou cidade educa poderão, quando adultas, morar longe e estarem a serviço de outros projetos ou coisas. São, então, outras crianças, filhas de outros pais ou cidades que estarão – adultas – trabalhando aqui, criando seus filhos e cuidando de nós, velhos, aposentados ou doentes. Essa perspectiva agrada-me, ao invés de me deixar triste. Ela traz um desafio e uma oportunidade.

Desafio para cuidarmos de nossos filhos e netos como se eles fossem também filhos e netos do mundo, filhos e netos de qualquer um, e que, se bem cuidados, estariam sendo melhor preparados para suas funções de adultos, não importa onde ou para quem. Oportunidade de praticarmos uma visão de que uma criança, não importa quem seja, é um ser humano que precisa ser considerado em suas dimensões biológicas, psicológicas e sociais. Quando se perde uma criança, é o futuro que se perde. Um futuro que, estejamos aqui ou não, devemos preparar, planejar e antecipar. O melhor meio de se fazer isso, por certo, é garantir um bom presente para as crianças, um presente em que saúde, educação, brincadeiras, cuidados e respeito enchem-nas de amor, alegria e esperança.

Leia também: Qual o futuro queremos para as nossas crianças?

Atualizado em 7 de agosto de 2024

Dr. Lino de Macedo

Dr. Lino de Macedo

Doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP). É presidente da Academia Paulista de Psicologia e professor emérito do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Integra a Cátedra de Educação Básica do IEA (USP) e é assessor do Instituto PENSI.

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