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Inovações, diagnósticos e práticas multidisciplinares
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Inovações, diagnósticos e práticas multidisciplinares

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01/10/2024
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Especialistas de diversas áreas debaterão os avanços no diagnóstico, intervenções personalizadas e o papel das comorbidades no cuidado integral de pessoas com TEA. Na imagem, crianças com TEA durante atividade no Instituto PENSI. Foto: Rudah Poran.

No X Simpósio de Transtorno do Espectro Autista, que ocorre em 5 de outubro, terceiro dia da programação do 7º Congresso Internacional Sabará-PENSI de Saúde Infantil, especialistas em autismo e neurodesenvolvimento participarão de quatro mesas que abordam temas relevantes para profissionais da clínica, da educação, da pesquisa e também para as famílias. O aumento da prevalência do autismo, aliado à maior conscientização e empoderamento das famílias, trouxe novos desafios ao diagnóstico e à intervenção terapêutica. A dra. Noemi Takeuchi, coordenadora do Núcleo de Autismo do Instituto PENSI, discutirá as comorbidades associadas ao TEA, focando na importância de uma abordagem precisa e multidisciplinar. Nesta entrevista, ela destaca os principais temas do simpósio, incluindo a relevância das comorbidades, como o atraso na fala e transtornos motores, e a busca por uma terapia individualizada para melhorar a qualidade de vida das crianças com TEA.

Notícias da Saúde Infantil — Qual a temática em autismo que ganhará maior foco no congresso?

Dra. Noemi Takeuchi — Nos últimos anos o tema autismo tem alcançado uma dimensão que ultrapassa o domínio dos especialistas, revelando a necessidade de uma compreensão expandida para outras áreas e para toda a sociedade. Prova disso é a inserção de palestras com foco em TEA também em outras mesas do congresso, como em odontopediatria, anestesiologia, medicina diagnóstica, além da neuropediatria e do nosso simpósio específico sobre TEA. Em parte pelo aumento da prevalência, em parte pelo empoderamento das pessoas com autismo e suas famílias, mas também pela maior conscientização da sociedade, questionamentos têm sido feitos sobre o processo diagnóstico, a intervenção especializada, a inclusão educacional e social, assim como aspectos que impactam no cotidiano e na qualidade de vida das crianças e famílias.

Notícias da Saúde Infantil — De que maneira o simpósio aborda as diferentes formas de manifestação do autismo e quais os desafios para criar uma terapia personalizada que atenda às necessidades individuais das pessoas com TEA e suas famílias?

Dra. Noemi Takeuchi — Um aspecto que perpassa os diferentes painéis refere-se à heterogeneidade no autismo, que implica um olhar atento desde a avaliação, passando pelo diagnóstico diferencial, pela proposta de intervenção e pelas orientações familiares. Se estamos falando de um espectro de manifestações, é necessário olhar para os diferentes perfis, com as potencialidades, as dificuldades e os suportes específicos, para as evidências científicas dos modelos de intervenção e para as necessidades das famílias. É necessário avançarmos rumo a uma “terapia de precisão” para as pessoas com autismo, em uma abordagem colaborativa entre diferentes áreas de especialização, como neuropediatras, geneticistas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e educadores. Essa equipe multidisciplinar trabalha para desenvolver um plano terapêutico altamente individualizado, ajustado ao longo do tempo com base nos progressos e nas respostas às intervenções e aos valores da pessoa com autismo e sua família, para garantir uma melhor qualidade de vida e inclusão social.

Notícias da Saúde Infantil — Por que o desenvolvimento de fala e linguagem, tema da primeira mesa, é tão importante no diagnóstico e intervenção precoce no autismo?
Dra. Noemi Takeuchi —
  O atraso no desenvolvimento de fala e linguagem é a queixa inicial que leva os pais a procurar especialistas. Nem sempre é autismo, e o diagnóstico diferencial é essencial para uma intervenção adequada e de resultados. Para falar sobre Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem convidamos a dra. Marina Puglisi, professora da Unifesp e pesquisadora UK. Já a dra. Elisabete Giusti apresentará a palestra “Apraxia de fala na infância”. Ela foi a profissional que trouxe o tema para o Brasil e é assessora científica da  Associação Brasileira de Apraxia de Fala na Infância (Abrapraxia). Eu abordarei o diagnóstico diferencial e a identificação de comorbidades que afetam o desenvolvimento de fala e linguagem no autismo, as quais devem ser consideradas no projeto terapêutico. Essa mesa tratará ainda de um aspecto que se relaciona a um dos principais fatores de bom prognóstico do autismo, que é o desenvolvimento linguístico na primeira infância.

Notícias da Saúde Infantil — O segundo painel foca em intervenções no TEA. Quais abordagens serão discutidas?

Dra. Noemi Takeuchi — Três abordagens construídas em uma perspectiva desenvolvimentista e com foco em atividades mais contextualizadas e naturais para a criança serão apresentadas: Modelo Denver de Intervenção Precoce, Jasper (Joint Attention, Symbolic Play, Engagement & Regulation) e Scerts (Social Communication, Emotional Regulation, Transactional Support). Foram convidadas para participar as terapeutas e formadoras oficiais no Brasil, certificadas pelos centros que desenvolveram esses modelos. A dra. Michelle Procópio, pelo Mind Institute (Medical Investigation of Neurodevelopmental Disorders Institute) do centro de pesquisa da UC Davis Health (Universidade da Califórnia, Davis); a dra. Hannah Iamut Said, do Kasari Lab da UCLA (University of California, Los Angeles); e a dra. Juliana Balestro, pelo Scerts Model. Embora tenham sido desenvolvidas há menos tempo que as abordagens tradicionalmente utilizadas na intervenção em TEA, essa recência permitiu justamente que fossem incorporados conhecimentos científicos mais atuais sobre o autismo, como a importância do contexto na aprendizagem, a regulação emocional, a reciprocidade socioemocional e a compreensão e aceitação de suportes para as condições de neurodiversidade. Além disso, esses modelos têm sido submetidos a pesquisas de evidências, em ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas sobre intervenção em TEA, apresentando resultados significativos especialmente quando iniciados precocemente e abrindo a discussão para uma diversidade na intervenção de acordo com cada criança e cada fase do desenvolvimento.

Notícias da Saúde Infantil — Quais são os principais fatores de risco para o TEA que serão abordados no terceiro painel?

Dra. Noemi Takeuchi — Conhecer esses fatores comprovados cientificamente em sua associação com o TEA auxilia no raciocínio clínico para o diagnóstico. A dra. Rosane Lowenthal, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), trará a associação entre síndrome de Down e autismo, considerando aspectos genéticos e as evidências de que o TEA tem uma incidência maior na população com outras deficiências. Já sabemos que o autismo tem uma causalidade multifatorial, e um dos fatores ambientais estudados é a exposição a agrotóxicos e seus impactos no neurodesenvolvimento no período da gestação. Esse tema será apresentado pela dra. Sue Ellen Figueiredo, pesquisadora, moradora e atuante em Mato Grosso, um dos estados com maiores índices de uso de agrotóxicos no Brasil. Na perspectiva ontogenética, a dra. Katerina Lukasova, da Universidade Federal do ABC (UFABC), apresentará dados de pesquisa coordenada por ela, em parceria com o Instituto PENSI, sobre a identificação de falhas na atenção social identificadas por rastreio ocular (eye-tracking) e o diagnóstico de autismo. O reconhecimento desses sinais clínicos é essencial, uma vez que por vezes não se observam antecedentes familiares para o TEA e tampouco fatores de risco ambientais significativos. O conhecimento e reconhecimento de todos esses aspectos é essencial na capacitação de profissionais e pesquisadores para uma melhor atuação com o Transtorno do Espectro Autista, considerando-se estratégias de prevenção, monitoramento de populações de risco e intervenções precoces.

Notícias da Saúde Infantil — Por que as alterações do sono em pessoas com autismo merecem destaque no simpósio?

Dra. Noemi Takeuchi — Esse tópico será abordado desde os aspectos fisiológicos e com ênfase na melatonina pela dra. Lívia Clemente, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) e Universidade de São Paulo (USP), passando pelos impactos da privação do sono no neurodesenvolvimento pelo dr. Edson Amaro, do Hospital Albert Einstein e Instituto PENSI, até as questões clínicas de avaliação e intervenção na população com TEA pela dra. Sandra Xavier, da Unifesp, e pela dra. Joana Portolese, coordenadora do Laboratório de Autismo (Protea) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Trata-se de um problema que assume uma dimensão muito importante quando observado a partir dos estudos que demonstram as consequências para a aprendizagem, a regulação emocional, a saúde geral e para o cotidiano e bem-estar de toda a família.

Notícias da Saúde Infantil — Quais são os principais benefícios de participar desse simpósio e que expectativas os profissionais de saúde infantil podem ter em termos de resultados práticos e aprendizado para aplicar em suas atividades clínicas?

Dra. Noemi Takeuchi — Além da atualização científica e profissional com uma visão abrangente das melhores práticas, a participação no simpósio possibilita a interação com pesquisadores e especialistas em autismo e neurodesenvolvimento, além da troca de experiências com outros profissionais e a construção de redes de apoio e colaboração, favorecendo parcerias em futuras pesquisas ou iniciativas clínicas. O conteúdo foi também pensado na sua aplicabilidade em diferentes contextos, promovendo um aprimoramento do raciocínio clínico, das habilidades para avaliação, diagnóstico e desenvolvimento de programas de intervenção e de inclusão, visando a uma abordagem mais eficaz e informada no acompanhamento das crianças com TEA.

Conheça mais detalhes sobre esse e outros seminários do 7º Congresso Internacional Sabará-PENSI de Saúde Infantil.

Por Rede Galápagos

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