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O rosto e suas portas de entrada e saída
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O rosto e suas portas de entrada e saída

O rosto e suas portas de entrada e saída

20/05/2015
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Observar e “curtir” o rosto de uma criança pequena são algo que pais e todos nós gostamos de fazer. Consideremos esse rosto prestando atenção aos seus dois ouvidos, dois olhos, duas narinas e boca. Exceto a boca que fica no centro, os outros – ouvidos, olhos e narinas – ficam um à direita e outro, à esquerda.

De um ponto de vista sensorial, eles são portas de entrada dos estímulos e das coisas do mundo na vida da criança. Os olhos e os ouvidos são órgãos à distância, ou seja, que lhe permitem interagir também com o que está longe. As narinas que inspiram o ar e os cheiros das coisas, bem como a boca que lambe, come, suga e degusta são órgãos que requerem proximidade. Se esses quatro órgãos dos sentidos estão no rosto, o quinto, referente ao tato, se expande pelo corpo todo, incluindo aí o próprio rosto. Pensem no gosto de uma criança quando lhe tocamos a cabeça ou roçamos delicadamente sua face com nossas mãos, cheias de leveza e carinho. Pensem em seu desgosto quando o fazemos de forma rude, apressada e sem cuidado. Daí que essas portas de entrada, fontes do que vêm de fora para dentro e anunciam coisas boas, favoráveis ao desenvolvimento, podem igualmente anunciar perigos, ameaças ou dor. O uso do termo “porta de entrada” é uma metáfora para dois aspectos importantes na recepção dos estímulos pela criança pequena. Podemos entender a “porta” na perspectiva do que entra ou passa por ela e, igualmente, na perspectiva do que ela deixa ou não deixa passar. Os órgãos de entrada são como filtros ou formas de sensibilidade. O mesmo estímulo não significa a mesma coisa para duas crianças. Para uma, ele pode significar alegria, para outra, ameaça ou dor. Daí a importância de observamos não só o que fazemos com a criança, mas como ela recebe isso que fazemos, porque é o que ela indica estar recebendo que fará toda a diferença para o desenvolvimento de seu cérebro e vida.

Mas olhos, ouvidos, narinas e boca são também órgãos de “saída”. É por intermédio deles que a criança se expressa, principalmente quando pequena. E sua expressão pode indicar uma criança curiosa, alegre, atenta, ativa, ou, então, uma criança submissa, passiva, ausente, desinteressada. Tratam-se de expressões que vêm de dentro para fora, que exteriorizam o que ela quer ou pode fazer. Por vezes, sobretudo com crianças pequenas, valorizamos muito o que os adultos e o mundo externo com seus estímulos fazem para elas, esquecidos de que o “retorno” que elas nos dão ou suas necessidades tal como podem nos comunicar são igualmente importantes. Não esperemos que nossos filhos e netos fiquem doentes para prestarmos atenção a eles, aos seus sentimentos e corpo. Hoje é o melhor dia!

Leia também: As emoções como janela social

Atualizado em 5 de agosto de 2024

Dr. Lino de Macedo

Dr. Lino de Macedo

Doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP). É presidente da Academia Paulista de Psicologia e professor emérito do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Integra a Cátedra de Educação Básica do IEA (USP) e é assessor do Instituto PENSI.

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