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Há cerca de um ano, estive no Centro de Desenvolvimento Infantil de Harvard fazendo um curso para lideranças em primeira infância. Lá conversei com professores como Jack P. Shonkoff e Charles Nelson, que inclusive faz pesquisas na Bahia. Lá pude ver com clareza o efeito do estresse tóxico na infância e suas consequências na vida adulta.
Este centro faz muitas pesquisas sobre o estresse tóxico, que seria o estresse prologado e repetido em crianças pequenas e que repercutirão em suas vidas para sempre. Estão incluídos neste tópico os abusos físicos, sexuais, a fome, a violência doméstica, o ambiente do entorno entre outras coisas.
Avanços em campos de investigação tão diversos como a neurociência, a biologia molecular, genômica, psicologia do desenvolvimento, epidemiologia, sociologia e economia irão catalisar uma mudança de paradigma importante na nossa compreensão da saúde e doença ao longo da vida.
Esta convergência entre a ciência multidisciplinar de desenvolvimento humano tem profundas implicações para a nossa capacidade de melhorar as perspectivas de vida das crianças e para fortalecer o tecido social e econômico da sociedade. Com base nestes múltiplos fluxos de investigação, um relatório da Academia Americana de Pediatria apresenta um quadro eco- bio- desenvolvimento neuropsíquico que ilustra como início de experiências e influências ambientais pode deixar uma assinatura duradoura sobre as predisposições genéticas que afetam a arquitetura cerebral emergentes e saúde a longo prazo.
O relatório também examina extensa evidência dos impactos negativos do estresse tóxico, oferecendo insights (pontos de vista) intrigantes em mecanismos causais que ligam adversidade cedo para impedimentos posteriores na aprendizagem, comportamento, e ambos bem-estar físico e mental.
As implicações deste quadro para a prática da medicina, em geral, e pediatria, especificamente, são potencialmente transformadora. Eles sugerem que muitas doenças do adulto devam ser vistas como transtornos de desenvolvimento que começam cedo na vida e que as disparidades de saúde persistentes associados à pobreza, discriminação ou maus-tratos podem ser reduzidas pelo alívio do estresse tóxico na infância.
Um quadro eco- bio- desenvolvimento neuropsíquico também ressalta a necessidade de um novo pensamento sobre o foco e os limites da prática pediátrica. Ele chama para pediatras para servir como ambos os guardiões da linha de frente do desenvolvimento infantil saudável e estrategicamente posicionados, líderes comunitários para informar novas estratégias baseadas na ciência que construir bases sólidas para a realização educacional, a produtividade econômica, a cidadania responsável e de saúde ao longo da vida.
Pensando nisto o Instituto Pensi deve iniciar em 2014 a criação de um núcleo de pesquisa em primeira infância, com a preocupação nesta área de estresse tóxico.