PESQUISAR
Hora de tirar o pijama e o chinelo e buscar no armário e na alma, as outras partes de si mesma que ficaram de lado nestes últimos meses. Agora é necessário estar de unha feita, cabelo arrumado, com foco na produção e… ter que deixar o bebê!
O retorno ao trabalho é acompanhado, pela maioria das mulheres, de sentimentos ambivalentes, desde culpa, sensação de perda, até de alivio em retomar a vida profissional.
Uma das principais angústias da mãe, nesta fase, é a de ter que transferir os cuidados do filho, seja para a babá, avó ou berçário. A sensação de abandonar o bebê é quase que unânime entre as mães, principalmente as de primeira viagem.
Na realidade, esta será a primeira experiência concreta de separação, já que mesmo após o parto, depois do corte do cordão umbilical, o bebê foi direto para o colo da mãe e lá permaneceu por todos esses meses. Agora, ter a obrigação de sair de casa, todos os dias da semana, implica tirar o filho do colo e, ao mesmo tempo, se dar conta de que cada um é um.
Essa tomada de consciência, de que o filho é uma (imensa) parte de sua vida, mas que, daqui para frente tudo vai ser diferente (como dizia Roberto Carlos) merece um tempo de adaptação e de muito acolhimento por todos à volta. Por exemplo, se caso a opção da família for o ingresso ao berçário, é importante que esse período envolva não somente o bebê mas também a mãe, já que ela vai precisar deste tempo para sentir-se segura e confiante de que lá, o filho será bem cuidado e ficará bem sem ela.
No entanto a dúvida persiste, mesmo quando os cuidados com o filho serão delegados à avó ou babá: Será que vão cuidar do meu bebê como eu cuido?: A resposta é “Não”. Ninguém faz exatamente do mesmo jeito, mas isso não significa que ele será mal ou mais bem tratado. Apenas será diferente, e o bebê conhecerá várias maneiras de ser cuidado e terá condições de se habituar com cada uma delas. Tendo carinho e atenção tudo acontece no seu tempo e de uma forma tranquila.
Mãe e bebê vão passar algumas horas do dia separados e a angústia da despedida será compensada pela alegria do reencontro, onde ambos, com muitas saudades, vão apreciar estes momentos bem juntinhos!
Daqui em diante, mãe e filho não estarão mais ligados por um nó mas em um lindo laço, que se solta e se entrelaça em movimentos que permitem um e o outro se juntarem e se separarem. Como já dizia Mario Quintana: enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço. E no abraço, as partes se unem no reencontro, cada um com a sua parte.
É o fim da licença, mas com licença, a maternidade só está começando, mãe e filho agora separados, mas unidos em um lindo laço de amor!