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Pobres meninos pobres sem pai, nem uma boa escola!
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Pobres meninos pobres sem pai, nem uma boa escola!

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18/11/2015
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        O jornal New York Times publicou no dia 22 de outubro de 2015 uma matéria sobre um tema que está sendo chamado de “gender gap” (lacuna de gênero), com o seguinte título: “A disadvantaged start hurts boys than girls” (“A desvantagem começa prejudicando mais meninos do que meninas”). Penso que a matéria, ainda que referente ao contexto dos Estados Unidos, deve chamar nossa atenção sobre os pobres meninos pobres de nosso país e o que estamos fazendo, ou não, em favor do que é melhor para a educação deles. O texto se apoia em pesquisas sobre o assunto em Ciências Sociais, mas vale também para a Saúde, sobretudo os que nela, como nós do Hospital Infantil Sabará e do Instituto Pensi, compartilham uma visão bio-psico-social da criança, não importa se menino ou menina.

Os investigadores, em síntese, buscam entender porque meninos, mais do que suas irmãs, apresentam comportamento negativo ou anti-social em casa ou na escola, ou seja, porque são mais fracos em habilidades não-cognitivas ou sócio-emocionais. Essa questão sempre me fazem: por que meninos dão “mais trabalho ou preocupação” do que meninas? Hoje, temos  com base em pesquisas, algumas evidências para explicar essas diferenças: .

  1. Meninos são mais sensíveis à adversidade do que meninas, isto é, se criados sem pai, em uma situação de pobreza e insegurança.
  2. No útero de sua mãe o menino é mais sensível do que sua irmã, quando submetidos a estímulos estressantes.
  3. O temperamento do menino, isto é, sua tendência para reagir negativamente em situações que requerem disciplina e “bom comportamento” é maior do que sua irmã.
  4. Socialmente são desencorajados a mostrar vulnerabilidade, a não chorar, o mesmo não ocorrendo com a menina.
  5. Eles têm dificuldades para ouvir os adultos e controlar seus impulsos.

Não estranha, pois, que a taxa de meninos com Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) seja tão maior do que suas irmãs. Do quanto ressentem a falta de um modelo masculino em casa, se ele não existir ou se existir de forma insegura, ameaçadora ou inconveniente. As meninas, ainda que também prejudicadas, têm o modelo de suas mães e o que fazem em favor da sobrevivência de todos. Outro dado importante das pesquisas é sobre a importância de um contexto escolar em favor do desenvolvimento das habilidades sociais e emocionais de meninos e meninas, mas principalmente dos primeiros, que são os que apresentam, em geral, mais comportamentos anti-sociais. De fato, como tenho falado tantas vezes, em uma escola que se quer para todos, ensinar formas de convivência é tão fundamental quanto ensinar conteúdos disciplinares relacionados às matérias do currículo. Quanto ao primeiro aspecto, trata-se de ensinar o que nem sempre sabemos fazer bem, que evoca nossas dificuldades de considerar o outro, de estabelecer e respeitar limites, de equilibrar aprendizagem de conteúdos com formas de interagir com todas as pessoas da escola, incluindo o caso dos meninos aqui considerados.

Leia mais e melhor sobre isso:

Claire Cain Miller.  A Disadvantaged Start Hurts Boys More Than Girls. The New York Times, October 22, 2015

David Autor, David Figlio Krzysztof Karbownik, Jeffrey Roth, Melanie Wasserman. Family Disadvantage and the Gender Gap in Behavioral and Educational Outcomes. Institute for Policy Research / Northwestern University / Working Paper Series / WP-15-16.

Marianne Bertrand; Jessica Pan. The trouble with boys: Social influences and the gender gap in disruptive behavior. Working Paper 17541, National Bureau of Economic Research, Cambridge, MA, October 2011

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Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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