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Hoje, 29 de setembro, é Dia Mundial do Coração. Quando decidi fazer residência médica em Cardiologia Pediatrica, meus pais (num misto de preocupação e cuidado com minha escolha profissional), me perguntaram se criança infartava.
O comentário deles de alguns anos atrás reflete o que muitos pensam sobre as doenças relacionadas ao coração na faixa etária pediátrica, sendo uma surpresa que as crianças possam também ser susceptíveis a desenvolverem doenças cardíacas.
Os quadros que mais chamam a atenção são aqueles relacionados a cardiopatias congênitas, quando há alteração no desenvolvimento da estrutura do coração ainda no período intra-útero. Com o aprimoramento dos exames de imagem, o diagnóstico de cardiopatia pode ser dado durante a gestação, permitindo intervenções fetais inclusive, quando necessárias, e programando-se o parto deste bebê em um hospital terciário se assim for indicado. Procurar um cardiologista infantil no momento do diagnóstico torna a gestação mais tranquila, pois o profissional traçará a estratégia mais adequada no tocante a cardiopatia apresentada, além de criar vínculos preciosos para o seguimento da criança e sua família.
Uma parcela da população que merece um olhar criterioso de um cardiologista é a das crianças com alguma síndrome genética. A associação de cardiopatia congênita e alterações genéticas é freqüente e o diagnóstico breve e sua intervenção promovem melhor qualidade de vida para elas.
Ainda que a morte súbita durante atividade física seja evento raro na população pediátrica, é importante que antes de iniciar alguma prática esportiva seja feita uma consulta com o especialista com o intuito de investigar sobre antecedentes pessoais e familiares, realizar o exame cardiológico considerando exame físico, com ênfase na análise da coloração da pele e mucosas, ausculta cardíaca, medida de pressão arterial e freqüência cardíaca, cabendo ao médico a decisão de complementar com outros exames como eletro e ecocardiograma.
No cenário atual da pandemia do COVID-19, as crianças foram poupadas em sua ampla maioria. No entanto, há um pequena porcentagem delas que evoluiu com alterações em vários órgãos e sistemas, sendo um deles, o coração. O acompanhamento destas é primordial pois tem intuito de surpreender qualquer deterioração do músculo cardíaco.
Ainda que o cenário de uma disfunção cardiovascular seja assustador, contar com um profissional que esteja a par das alterações e tome as decisões mais acertadas para cada patologia, proporciona uma vida com melhor qualidade.