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O auto-controle é uma das funções mais importantes a serem desenvolvidas, já que não nascemos com essa habilidade. As crianças devem desenvolvê-lo para que possam ter a capacidade de seguir regras e entender limites, algo que para todos os humanos é fundamental para vivermos em sociedade. Essa função é a competência de lidar com os fortes sentimentos e ser capaz de evitar fazer algo que muitas vezes desejamos, mas que não nos é permitido. O desenvolvimento do auto-controle inicia-se no nascimento e continua por toda a nossa vida. As crianças pequenas aprendem-no através das interações com os colegas e a condução de seus pais e outros adultos amorosos.
Ele é relacionado à capacidade de lidar com frustrações, já que resistir aos impulsos, postergar ações e prazeres leva à insatisfação e ao desconforto, frustração, raiva, que necessitam ser apaziguados. Logo, para o auto-controle é necessário acalmar-se. Bebês já possuem habilidades de se auto-acalmar, o que é o início do auto-controle, já nos primeiros meses de vida. Por exemplo, muitos nenéns aprendem a se tranquilizar chupando o dedo ou uma chupeta quando tem que lidar com a espera enquanto sua mãe se prepara para alimentá-lo.
Outro exemplo: um bebê de 9 meses agarra o controle remoto da televisão. Está feliz porque fica apertando os botões quando sua mãe gentilmente tira de suas mãos e guarda na estante. Ela diz: “O controle não é um brinquedo, querido. Mas que tal isso no lugar?”. Dá a ele um brinquedo com botões para apertar e abrir portinhas. Esse bebê está aprendendo sobre auto-controle porque tem que aceitar um divertimento substituto para explorar com suas mãos.
Essas são formas de ensinar que existem momentos em que o prazer pode ser postergado ou substituído e, assim, mostrar que não há necessidade de tristeza, de desespero. É importante ter sempre em mente que regras não funcionam com bebês. Eles não entendem, não têm capacidade de lembrá-las e não conseguem parar de tocar e explorar o ambiente, muitas vezes. Logo, cabe ao adulto certificar-se de que estão a salvo quando brincam e dar-lhes opções para que fiquem tranquilos.
Mas o que fazer para ajudar os bebês a desenvolver auto-controle? Aí vão algumas dicas:
Ajudá-los a aprender como se acalmar! Nenéns têm diferentes formas de se aliviar. Alguns dependem de muito contato, como ser embalados e abraçados, enquanto outros gostam de ser embrulhados em mantas ou deixados quietos por um tempo. Muitos se tranquilizam com canções, enquanto outros chupam alguma coisa ou mesmo o dedo. Tentando diferentes formas de ajudar os pequenos a ficar tranquilos, incentivando-os nessa busca, estamos ajudando-os a aprender como se acalmar por si próprios.
Busque formas de você se acalmar! Ouvir os choros dos filhos pode ser muito estressante e frustrante. Pode fazer com que você se sinta preocupado e até mesmo impotente quando deseja que o bebê se sinta melhor, mas não consegue descobrir como. Quando sentir-se assim o melhor é colocar seu filho em um lugar seguro (como o berço), respirar um pouco, acalmar-se. Quanto mais tranquilo(a) estiver, mais sereno seu filho ficará.
Ensine a eles o que podem fazer. Por exemplo, se seu bebê de 10 meses estiver jogando seu carrinho de brinquedo pela casa, gentilmente pegue-o de sua mão e dê a ele uma bola. Ao longo do tempo, experiências como essa ajudam-no a aprender o certo e o errado. Mas lembre-se, com 10 meses, nenéns não são capazes de memorizar regras, portanto podem novamente repetir o que fizeram errado.
Lembre-se, você não estraga o bebê cuidando dele. Se estiver chorando, muitas vezes é porque necessita de você para abraçá-lo, acalmá-lo. Bebês precisam de amor e conforto. Isso os ajuda a crescer para serem crianças seguras e confiantes. Pode-se também ensinar que seu filho pode contar com você, o que o faz sentir-se seguro e protegido.
Frustrações e limites são fundamentais para o desenvolvimento do auto-controle, pois ensinam que nem tudo é permitido, mas acalmar-se é condição essencial para que isso ocorra, o que deve ser estimulado desde o nascimento.
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Fonte: Zero to Three
Por Letícia Rangel, psicóloga
Atualizado em 28 de agosto de 2024