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Brincar de massinha, enfiar a mão na massa de bolo, pintar com os dedos, pegar farinha, arroz, feijão e jogar tudo no chão… Pegar a menor sujeira do chão e levar à boca, fazer cara feia e dar risada logo após… Buscar bichinhos no jardim, limpar o fim do doce da lata com o dedo, tentar estalar os dedos incessantemente, puxar o cabelo da mamãe… E, no final do dia, dedo na boca no soninho gostoso.
Certamente todos já presenciamos uma dessas cenas. Na verdade, o desenvolvimento psicomotor vai se refinando ao longo do crescimento. Os movimentos digitais, como chamamos todos os movimentos realizados com as pontas dos dedos, vão sendo aprimorados desde muito cedo. Mas tudo começa por nossas mãos!
Os bebês se encantam ao achar suas mãos. Utilizam-na como brinquedo até o momento em que percebem que essas pequenas mãos são de grande utilidade. As mãos podem chegar a todas as partes do corpo. É a extremidade corporal mais perfeita para tocar, agarrar e criar. Começam, então, a manusear objetos e aos poucos os movimentos de apreensão vão aparecendo. Os dedos, então, começam a se destacar e a criança passa a perceber que, para pegar pequenos objetos, os dedos são mais eficazes. Surge o movimento de pinça, que será trabalhado e refinado por muitos e muitos anos. A esses movimentos mais específicos damos o nome de coordenação motora fina ou praxia fina. Entre eles destaca-se o traçado gráfico, uma linguagem não verbal presente desde cedo nas crianças. O interesse e o prazer que a criança, a partir de 9-10 meses, tem pelas manchas que deixa com seu corpo e com os materiais à sua disposição indicam a necessidade natural de cada um de nós em produzir traços e traçados. No momento em que a criança começa a rabiscar, ela compreende que o gesto feito sobre a folha deixa um traço, um traço do próprio corpo e separado deste. O ato gráfico, isto é, o produto da criança sobre a folha, vai se organizando no curso do desenvolvimento. Dessa maneira vai se formando também a escrita.
A escrita é um ato motor no qual é necessário adequar-se, seja pelos materiais utilizados, seja pelos conteúdos nela implicados. Faz-se necessário um conjunto de conhecimentos e aquisições ao longo do desenvolvimento para que se possa ter também uma aprendizagem da escrita. Ela pode ser dividida em três etapas: pré-caligráfica (5 – 9 anos), caligráfica infantil (10 – 12 anos) e pós-caligráfica (12 – 16 anos). A escola propõe à criança um ideal de caligrafia, no entanto deve ser respeitado o desenvolvimento neuropsicomotor de cada um.
E o que fazer enquanto nosso pequeno não está apto? Estimular sempre. Faça bolos, amasse pães, brinque de massinha, separe feijão, arroz e milho. Brinque com geleca, areia, bolinhas de gel, isopor e outros materiais de diferentes formas e texturas. Ajude a trabalhar e controlar os movimentos. E lembre-se, não adianta querer que seu filho, aos 5 anos, esteja escrevendo perfeitamente. Seu controle motor fino ainda é escasso e, portanto, ele não poderá respeitar um ideal caligráfico, afinal, a escrita é a soma de muitos movimentos isolados.
Atualizado em 2 de setembro de 2024