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A criança que morde
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A criança que morde

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28/12/2015
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Noutro dia, conversando com minha filha sobre meus netos, ela mencionou um problema comum nas escolas e berçários: a mordida.

Não há pediatra ou mesmo pais que não entrem em contato com este fato, pois é muito comum e podemos dizer até que seja normal.

Para entender um pouco melhor este assunto precisamos ir até as observações de Freud sobre o desenvolvimento psicossexual dos seres humanos. Freud descreve este desenvolvimento em 5 fases: Oral, Anal, Fálica, Latência e Genital.

A primeira fase ou a fase oral, iria do nascimento até os 18 meses ou dois anos, e compreende esta época na qual ocorrem as mordidas. A fase anal é a época em que as crianças estão retirando a fralda, e a fálica ao momento em que os pais ficam preocupados, pois seus filhos estarão manipulando seus órgãos genitais. A latência vai dos seis anos até o início da puberdade e a genital, após o início da puberdade. São fases do desenvolvimento descritas por Freud e elas correspondem aos locais do corpo onde naquele momento haverá algum tipo de prazer.

Por este enfoque, os bebês teriam, na primeira fase de suas vidas, o prazer na região oral, ou seja, na boca que mama o seio e com a qual se relaciona com o mundo. É a fase em que tudo vai para a boca: brinquedos, chupetas, mamadeiras, sujeira, objetos em geral. Por volta do primeiro ano começam a sair os dentes e a criança descobre o morder. Ela morde tudo. É o modo com que se comunica com o mundo ao seu redor, já que a linguagem ainda não está desenvolvida.

As mordidas podem vir porque há contrariedade com alguma coisa, mas pode ser por excitação, alegria ou raiva. Pode até ser por condicionamento a um hábito aprendido. Muitos pais ou adultos gostam de morder levemente as crianças como um ato de amor, demonstração de quando aquela criança é “fofinha” para morder.

Conforme a criança cresce, adquire uma linguagem mais complexa e começa a dizer “não” ou se comunicar de forma mais eficiente para demonstrar o que está sentindo ou querendo. Neste momento, as mordidas desaparecem.

O importante nestas situações é ter paciência, pois o fato é constrangedor para todos. Para os pais da criança que morde, para os pais da criança mordida e para as professoras, cuidadoras e para a escola ou local onde ocorreu a mordida. Embora possamos achar normal e que seja uma fase, é importante que se tome alguma atitude educacional a fim de mostrar para aquela criança que aquilo está errado. Orientar os pais acalmando-os (geralmente as coisas ficam tensas) e explicando o que está sendo feito e o que devem fazer quando as crianças tiverem esta atitude em casa.

Na realidade, estes atos vão rareando e praticamente desaparecem após o terceiro ano de vida. Crianças que têm atitudes repetitivas de mordidas ou de atos mais agressivos devem ser observadas mais de perto e eventualmente serem referidas para o pediatra ou para avaliação psicológica.

Leia também: Melhores dicas para sobreviver às birras

As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu pediatra. Pode haver variações no tratamento que o pediatra pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.

Atualizado em 27 de agosto de 2024

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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