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As voltas que o mundo dá
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As voltas que o mundo dá

As voltas que o mundo dá

02/01/2017
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As voltas que o mundo dá, o feminismo e a doce arte de educar uma criança…

Título longo, eu sei…

Mas não consegui resumir, nem pensar em um melhor.

Mas vamos lá… organizar as ideias.

Acontece que aos sete anos eu ia sozinha ao supermercado.

Com a mesma idade eu já era capaz de deixar louça lavada, cozinha arrumada e tarefa feita.

Já lia e escrevia meus livros, fazia capa e tudo.

Ia pra escola a pé sem reclamar.

Já sabia que ônibus tomar, contar os dinheiros e solicitar o troco caso faltasse.

Certeza.

A geração antes da nossa não estava a fim de criar bundões.

Seja lá por qual motivo, a educação a base do olhar de repreensão, das ocasionais chineladas e dos temidos “vai lá no meu armário e pega a cinta”, funcionou.

Bom, pelo menos pra mim.

Mas acontece também que o tempo passa, as cabeças pensantes e influentes se transformam, a tecnologia avança e penso eu agora que virei bundona.

Em algum momento, com algum sentido, me perdi na coisa toda.

Hoje sou eu quem cria um filho de sete anos.

Que reclama para ajudar em tarefas simples do cotidiano.

Que nem imagina uma realidade onde ele lave o próprio copo.

Vá lá limpa a própria buzanfa sem achar aquilo um absurdo.

E eu fico me perguntando em que momento da vida a coisa desandou…

Como é que eu não segui com os ensinamentos passados pela minha vozinha e depois minha mãe.

Que tipo de ser eu acho que vou deixar pro mundo.

Um bundão feliz?

Um egoísta?

Um infeliz de tão feliz?

Uma daquelas criaturas que se frustram por ter que colaborar?

Mas mesmo me fazendo uma infinidade de perguntas eu não desisto.

É lógico ser mais fácil ir lá pegar o copo, dar dois passos e colocar na pia do que desfiar um sermão sobre a contribuição e convívio em sociedade, mas eu não me poupo.

Falo sobre a vida, sobre tudo o que significa ter a atitude de pegar o copo que usou e levar até a pia.

O copo, o prato, os talheres e o guardanapo, que deve ser jogado no lixo reciclável.

Ainda tem o tênis, a mochila, os brinquedos.

Os horários e compromissos.

O banho sem demora, a roupa limpa, a suja, a cueca longe do chão.

Enfim, as responsabilidades.

Que já existem sim, e eu não as ignoro.

Não deixo que Isaac esqueça também.

Oras.

Eu não esquecia.

E olha que tinha sete anos.

Ai de mim se precisasse de supervisão adulta para as responsabilidades que faziam meus dias na época.

Eu mesmo me cobrava em ajudar, já que minha mãe trabalhava o dia todo… nem passava pela minha cabeça dar mais trabalho a ela.

Não quero viver de extremos.

Não quero ser igual a minha mãe.

Mas também não quero ser tão diferente assim.

Quero mais é que o mundo dê voltas e voltas e volte de novo, pois acho que assim também se aprende.

E como é que pensei nesse texto?

Olhei meus cintos no armário esse final de semana e gelei ao pensar se todas aquelas taxas e fivelas enormes morassem no armário da minha mãe em 1986.

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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