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Eu sou boca suja.
Sempre falei muito palavrão.
Por conta da espontaneidade, da personalidade, do tudo.
Mas sei que exemplo é tudo nessa vida.
Tanto quanto a sinceridade e a verdade.
Então, quando Isaac nasceu, achei sim que deveria maneirar no vocabulário.
Troquei a exclamação que começa com ca e termina com lho por ”Jesus!”.
Sim, acredito nele e respeito, mas era bem melhor clamar ao filho de deus do que clamar ao membro viril masculino.
Enfim… mas eu me traio.
Vira e mexe eu topo com um menininho de olhos esbugalhados, indignado com as palavras que saíram da boca materna.
As vezes ele me repreende com um “olha só! você falou!”.
E dependendo da situação dá uma risadinha besta, achando tudo o máximo.
Eu peço desculpas.
Eu digo que mesmo a mamãe falando, é feio.
E eu explico que tem horas que só um palavrão bem falado alivia.
Ah! sou tudo, menos mentirosa.
Então sigo sendo essa discípula de Dercy Gonçalves.
E sigo bem. Isaac também.
Mas outro dia, foi hilário.
Sou boca suja por hereditariedade.
Minha mãe também adora um palavrão.
E depois de passar uma tarde com a vovó, Isaac foi comigo à padaria.
Olhou atento toda a vitrine de guloseimas e teve um choque:
– Aaaaaa!!!!! Esse pão eu não posso falar o nome!
Jesus! – pensei eu na versão censurada – Que pão será esse???
Começo a vasculhar já toda curiosa a estufa.
– Qual Isaac?
– Esse mãe!!!! – ele aponta todo vermelho de vergonha e horror.
Analiso bem todas as letrinhas e seguro a risada e o choro:
B R U S Q U E TA.
Fresquinhas, lindas e de todos os sabores.
Aproveitei, levei umas pra casa, a fim de ilustrar a explicação que daria mais tarde.
Fim?