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Isaac, meu filho lindo de 4 anos e quase 8 meses, está crescendo.
Cresce em tamanho. Perde as calças, as meias, os sapatos, as camisetas.
Perde e ganha.
Repassa uniforme para o primo, brinquedos aos amigos (que ele mesmo escolhe o que vai pra quem e eu me mato de orgulho – de mim e dele), roupas ao filho da moça que nos ajuda em casa.
E assim cresce como pessoa, ser, indivíduo.
Está mais consciente de quem é, das consequências de ser, do agir, do sentir, do saber e do não saber.
E é aqui que começa o papo que motivou esse post.
E é aqui que o processo educacional, já complexo e intenso, se transforma.
Lógico que (tentamos) seguimos na linha entre coerência e loucura.
Entre paciência e loucura.
Entre respirar fundo e sair correndo.
Mas não desistimos.
Eu não desisto.
Acontece que Isaac tem características bem marcantes.
E nesta fase vamos descobrindo que algumas delas devem ser trabalhadas o quanto antes.
O objetivo não é removê-las.
É aproveitar o melhor e o pior delas para o bem.
Bem do Isaac, desta família e alegria geral da nação.
Ouvi de uma querida a máxima “nasceu de 7 meses” ao presenciar as crises de pressa que meu filho tem.
Pensei em ter alí na frente uma adivinha.
Isaac nasceu mesmo de 7 meses.
Se é por conta disso ou não, eu não sei.
Se é por cor causa dos meu erros de mãe coruja ao extremo, que sempre atendi tudo com rapidez, pode ser.
Se é porque ele ainda não sabe que paciência é a maior riqueza que podemos carregar para a vida, talvez.
Isaac vive com pressa. Não tem um pingo de paciência para esperar um prato ou uma resposta.
Reclama, resmunga, se irrita.
E eu, graças a deus, pacientemente, tento mostrar que esse não é o melhor caminho.
(Pra algumas coisas, talvez seja, mas agora acho que não é)
Una então, a plena preguiça em ter paciência com a plena preguiça e com o fato de termos em casa um fruto de uma geração que vive do imediato, da rapidez e do descartável.
Ontem mesmo tivemos uma experiência
Eu e Isaac juntos.
Voltando da escola ele adora tirar os sapatos no carro.
Já expliquei que ele deve olhar para o cadarço antes de puxar.
Mas ele não olha e fica uma arara quando o laço vira nó.
E puxa mais forte. E o nó se torna um inimigo invencível.
Resolvi usar a oportunidade para pedir que ele tentasse ir se livrando do nó até em casa.
Como se fosse um jogo.
Ele desistiu em 2 segundos.
Insisti no lance da paciência.
Nada.
E ouvi uma boa porção de “eu não consigo”
E estremeci em cada uma delas.
Vi alí, então, a necessidade de falar sobre persistir.
Contei que, se eu tivesse desistido não o teria.
Aliás, não teria nem marido, nem namoro, nem faculdade, nem profissão.
Sei que as dificuldades da vida parecem ser assunto duro demais para uma criança de 4 anos.
Mas alí foi necessário.
Não aguentei ver meu filho vencido por um nó de cadarço.
Sei que da experiência de vida que ele tem, um nó pode ser uma muralha, mas é preciso começar a aprender a escalar, desbravar, descobrir.
E assim, aprender que para tudo há limites.
Até entre não desistir e se entregar.
O que é extremamente normal.
Se entregar não é uma doença, mas acho que não pode ser uma primeira opção.