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26/12/2016
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Acontece que eu tenho sonhado muito com a minha passagem desta pra uma melhor.

Sério.

A morte não me assusta. Nem um pouco.

Mas venhamos e convenhamos que a morte que deveria ser só minha, não é.

Tenho família, marido, filho, dois cachorros de idade avançada, meus pais, amigos, enfins.

Gente paca que vai ficar aí chorando.

Por um dia ou dois, mas vai.

E esse negócio de morte mexe com a gente que é mãe.

Aí que essa madrugada, depois de mais um episódio de final de temporada vital desta que vos tecla, me fiz a seguinte pergunta:

O que eu gostaria que Isaac não esquecesse a meu respeito.

Da mãe chata que ainda sou?

Da louca que fala sozinha?

Da mais legal do universo que finge não ver as tarefas mal feitas?

Da triste?

Da alegre?

Da explosiva?

Sinceramente?

Não sei.

Aí me pus a mentalizar uma carta pra deixar pra ele.

Uma bem feitinha, cheia de amor e carinho, de força, de sentido.

Abri o coração pra mim mesma.

E, de certa forma, a tal da carta vai sair sim, e será muito bem encaixada num futuro distante, mesmo comigo vivinha da silva.

E se não estiver, também tá valendo.

Mas o que achei mais interessante é que eu quero mesmo deixar pro Isaac como é que eu era quando ele era criança.

Como é que eu enxergava tudo, das coisas que ele nem dá tanta bola hoje, mas que vão fazer diferença master na vida dele, ou dos filhos dele, ou dos netos dele.

(E de quebra vai explicar muita coisa pra mulher dele)

Quero registrar coisas só nossas, aquelas que eu vou adorar que ele leia pra mim quando minha memória já estiver corroída pelo tempo.

Parece triste pensar assim, mas não me abalo.

É uma maneira de deixar o tempo cumprir seu papel sem brigar com ele.

A gente vai envelhecer, é fato.

A gente pode morrer, é certo, e mais certo ainda que não há data para o ponto final.

Vivemos.

Vivamos sim e felizes.

Pensando na morte e na vida.

Ao mesmo tempo sim, porque não???

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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