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Sei que, numa realidade próxima, ser mãe do presidente é com ser mãe de juiz de futebol.
Mas espero eu, que, com esse post, eu seja alvo de risinhos e óóóós sem fim.
Isaac chega em casa todo sorrisinho malandro.
Abre a mochila e, daquele jeito desengonçado que lhe é peculiar, tira um pedaço de papel crepom vermelho.
Arruma aqui, alí, faz um esforço danado e se ajeita.
Mostra a faixa todo orgulhoso:
– Mama, eu sou o presidente.
Oim… pensei… chando que era uma atividade escolar onde todos saíram empossados.
– Que lindo, Isaac. Você agora tem um cargo de muita responsabilidade, não?!?!
– Muita mãe. Meus amigos votaram em mim.
Pronto. Coração da mãe pára, explode de alegria e se enche de um orgulho besta.
Deve ser a época.
Todo mundo num discurso inflamado e partidário.
As verdades do país sendo esfregadas nas nossas fuças.
A indignação que faz chorar por dentro e xingar por fora.
Nada.
Eu só conseguia pensar “Meu filho foi eleito. Eleito pela maioria dos votos”, uma legião de 25 pessoinhas lindas e fofas escolheram Isaac.
Agarrei e apertei tanto que quase arrebentei a bendita faixa.
Uma louca.
Tirei foto, mandei pros avós, padrinhos, amigos. Coloquei em rede social.
Eu não me aguentei.
Isaac, que não é nada bobo e conhece a mãe que tem, aguentou firme no propósito e esperou.
No dia seguinte, checou se eu não estava fazendo cartazes de campanha ou coisa parecida, e mandou ver:
– E mama, minha proposta de governo foi que a gente tem que pensar mais na natureza do planeta, nos rios, nas árvores e parar com a poluição.