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Da série de textos escritos no ano passado… diante de tanta notícia ruim… conversa que cabe ao hoje…
Isaac faz uma vista rápida a avó onde a TV noticiava os atentados em Bruxelas.
De longe observei ele atento às legendas e imagens.
Fiquei alí, só me preparando para o zilhão de perguntas que brotariam a seguir.
Ele ficou quieto, um tanto chateado, nem esboçou dúvidas sobre o ocorrido.
Ao entrar no carro…
(Ah, o carro, nosso ninho psico-paradoxo-estranho de conversas mil)
– Mãe, o que é Bruxelas?
– Bruxelas é uma cidade que fica num país chamado Bélgica.
– Couve de Bruxelas?
– Também.
Silêncio. Danou-se.
– Mãe, eu acho que eu tenho DNA de inseto.
– Sério? Por que?
– Então, a mosca não vai direto na luz da televisão?
– Sim.
– Isso! Eu não conseguia tirar os olhos da TV e ver aquelas coisas que aconteceram em Bruxelas.
Meu coração moeu-se.
Realidade dura e feia essa.
Inexplicável.
Imagina então encontrar didática para falar de tal assunto?
Eu?
Fiquei alí.
Olhei bem nos olhos dele e perguntei se ele tinha entendido bem o que tinha acontecido.
Isaac fez a cara mais triste do mundo.
Não me deixou dúvidas sobre o seu sim.
– Também ha esse tipo de vilão hoje no mundo, filho.
– Os que explodem?
– Sim. E como você viu, no meio de um monte de gente inocente.
Um suspiro fundo.
Uma decepção com o real.
– Mama, então eu acho que deviam passar essas notícias ruins só em “bruxelês”, aí a gente não ia entender.
Faz sentido.
Às vezes, muito.