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Eu ainda não sei dizer a vocês se somos sem vergonhas ou bem abertos quando o assunto é vida-morte-força-maior.
Acontece que acreditamos em Deus, o Papai do Céu.
De diversas maneiras.
Outro dia mesmo disse em voz alta que não me sentia evoluída para evoluir em religião alguma.
E pra dormir com um barulho desse, levando em consideração todas as perguntas que cabem a um ser humano de 7 anos, não é tarefa fácil.
Mas a gente vê que a fé não costuma faiá aqui em casa quando participa da seguinte conversa:
– Mãe, esse negócio de onde a gente vai depois que morre é engraçado.
(a mãe aqui pensa pensa pensa mas não perde a mania)
– Engraçado? Pois é, Isaac, as vezes também acho. Mas como assim?
– Então, eu estava pensando aqui que a gente deveria passar por um portal onde a nossa barra de vida ficaria infinita.
– Em que momento da vida?
– Assim, depois do game over. A barra de vida ia ser infinita, com muitos corações.
PAUSA
Se seu filho ainda não se entregou aos jogos LEGO, eu te explico: cada coraçãozinho da barra aguenta umas três porradas da vida eletrônica… mas isso é mais ou menos assim desde que o mundo é mundo, então né…
DESPAUSA
– E aí? a gente ia viver no game over?
– Não! depois de um tempo a gente nascia de novo. Pode ser no “formato” de outra pessoa.
– Posso ser um animal????
– Não sei.
– E a Galinha Pintadinha? Posso???? (ele odeia quando retomo a super infância embalada aos top hits da galinácea)
– Mãe! É sério!
Ploft.
(Recolham os pedaços da mãe ali, que quase desintegrou com tanta maturidade)