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Pois é, minha gente.
Isaac fez sete anos.
Mas eu sempre penso em escrever algo no dia seguinte ao aniversário.
Além do óbvio motivo de que eu quero mais é viver e reviver ao vivo todos os momentos possíveis do dia dele, eu tenho um motivo meu.
Eu conheci Isaac assim, mesmo mesmo, de fora pra dentro, no dia 26. O dia seguinte ao seu nascimento.
Como assim?
Explico.
Lógico que cheirei a cria e sorri pro meu filho assim que ele foi retirado da kitinete quentinha que dividia com todos os órgãos vitais desta que vos tecla, mas depois dormi e só fui subornar enfermeira pra ter o pequeno nos braços na madrugada, quando me recuperei da anestesia.
Ou seja, comemoro o dia de hoje tanto quanto o ontem.
E sim, Isaac nasceu de uma bem sucedida cesárea, numa limpa e esterilizada sala cirúrgica, com uma mãe feliz e amarrada pelos braços, cheinha de anestesia.
Nasceu assim, como devia e podia, diante das informações e possibilidades que eu tinha na época.
E sim, foi para o berçário hospitalar, ficou aos cuidados de gente que não era eu.
Foi assim, como devia e podia, diante das informações e possibilidades da época.
Saca?
Um dia comemoro a vida. E no outro, as minhas reflexões sobre aquele começo de semana.
Aquele começo de tudo.
Você deve estar me perguntando: E então porque raios esse post de aniversário não é daquelas poesias melosas e sobre carregadíssimas de amor que você faz todos os anos?
Respondo: Como não? E tem mais amor do que ser verdadeira e celebrar o tudo que nasceu em mim naquele dia 26?
E com mais amor ainda, já inicio neste espaço aqui tudo o que Isaac vai ouvir um dia, toda a briga do natural versus o cirúrgico, do humano versus o desumano, do certo versus o errado, do menos versus o mais.
Do radicalismo que mora em todos os lados, em todas as conversas, em todas as esferas.
E tenho cá pra mim, que o amor que tenho pelo meu filho, também me permite explicar como isso atrapalha, diminui, anula e cancela.
Puxa! E como um post de aniversário, transbordando de amor virou isso?
Bom, prometi a mim mesma que este texto em especial não teria rascunho.
Seria um cuspe bem cuspido no monitor. Sem lencinho pra limpar.
E depois que, estou sob forte influência do menininho loiro de agora sete anos que me chama de mamãe.
Isaac, hoje, é um ser completo.
Lógico que nas proporções que lhe cabem, mas ele vive na realidade.
Logico que durante os momentos em que feiticeiros, dinossauros e super heróis não estão em alguma aventura.
Isaac conversa com a gente de maneira que eu demorei muito pra fazer com os meus pais.
Isaac mudou e anda de cabeça erguida, defende seu ponto de vista, sorri e abana a mão pros amigos.
Isaac lê, escreve, soma, subtrai e multiplica.
Além das contas matemáticas, mais um monte de outras coisas que só vai entender quando passar dos um metro e meio de altura, acredito.
Ele é uma pessoa teimosa e implacável quando quer ser.
E fala o que tem vontade.
E se sabe que é coisa forte, apenas alivia começando com a frase com “não se ofenda, mas….”.
Eu não poderia desejar outra coisa a ele. Que não seja continuar assim.
Verdadeiro e complexo.
Teimoso e sedento por aprender tudo o que puder.
Aos sete.