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Isaac está numa fase doida.
Do um zilhão de palavras que ele fala por dia, metade delas representam a anatomia humana.
Não acho ruim.
É fase.
Está se descobrindo como homem, como ser. Com diferenças e necessidades.
Mas acontece que ele tem achado graça master em ser um Ari Toledo mirim.
Fala bunda, pipi, cocô, pum e pitica (apelido do órgão sexual feminino por aqui) aos quatro ventos.
Inventa músicas, frases, histórias.
Muda o nome das coisas e acrescenta bunda a todas as fonéticas possíveis.
Não fico brava. Só explico.
Falo que há lugares e momentos certos pra colocar as “bundas de fora”.
Ele não entende não.
Acha um absurdo coisa tão natural “que todo mundo tem, né mamãe?”, ter que ficar só dentro da cabeça da gente.
Eu não sou das bocas mais limpas desse planeta, mas ele não me vê falando da minha própria ou da bunda alheia assim, nas rodinhas e reuniões.
Mas sei que é o básico da idade.
Já convivi com outras crianças que, no auge dos seus 4 anos, gritavam BUNDA assim, como se fosse a melhor palavra do mundo a ser dita.
Já recebi olhares horrorizados.
Já fui vítima de bullying nas rodinhas de mães.
Já dei risada de tudo isso.
E já fui séria quando necessário.
Mas e aí?
Uma hora acaba, né?