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Isaac cresce em casa onde se ouve de tudo.
De lamúrias a música clássica.
De reclamações maternas e cobranças educacionais a rock pesado.
Mas hoje falemos de música.
Acontece que, mesmo com ouvidos e corações abertos, temos nossas preferências e censuras em casa.
Se depender dos pais, Isaac vai passar toda a infância (e a vida, se dependesse de mim) sendo crítico pesado as letras sem fundamento, de teor desrespeitoso, e estimuladoras de mocinhas rebolentas.
Sem preconceito. Sem chatice. Só não acho que tais coisas caibam na rotina infantil.
Tá.
A gente ensina, mostra, tem fé, mas nunca sabe qual será o resultado.
Até a gente entrar com filho em loja de brinquedo, onde música dessas tocava tão alto que a gente não conseguia nem comunicação básica.
E vem o causo.
Vendedor chega fofo (e gritando né? Porque sem exagero o som estava alto mesmo) e puxa papo com a criança:
– Oi, como você chama? Está gostado da loja?
– Isaac…. (e faz aquela pausa que me arrepia desde 2008)… a loja é até legal, mas essa música não dá, né?
O vendedor, que na cara era novo no mercado infantil, perdeu o rebolado num tanto que nem o funk mais famoso ajudaria.
Me vi na obrigação de liberar dica de ouro do convívio infantil:
– Colega, tem pergunta que a gente não faz pra criança, porque esses bichinhos aí vivem de sinceridade.
Um bônus:
– Se mesmo assim fizer a pergunta, esteja preparado pra aguentar o tranco, ó, experiência própria, um dia a gente aguenta.