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Acontece que a gente, por mais insano que pareça, quer mesmo é a bendita da felicidade.
Quer ser feliz.
Quer o filho feliz.
Marido, cunhadas, sogro, sogra, pais, país, universo. Tudo na plena felicidade.
Impossível?
Sei que é.
Mas não custa tentar.
Acontece que eu, ser reclamão, porém chegado numa gargalhada bem dada, tenho sofrido muito com a ranhetice do Isaac.
Ele é lindo, saudável, vive bem, escola legal, pais que o amam, dentes sendo alinhados pelo aparelho, mas risada zero.
É difícil tirar um sorrisinho do danado.
Ele é emburrado de natureza.
Não vê graça.
Gargalhada é coisa rara.
Enfim, estava eu outro dia, só com meus botões, me entregando as músicas, como de costume, tive uma ideia.
Vou fazer três minutos.
Três. Só três.
Começo sozinha, tenho certeza, mas sei que ele vai se render.
E como quem não queria nada, coloquei a música mais dançante e pulante da playlist e me joguei nos movimentos.
Dancei como se Ana Botafogo fosse (tivesse tido um ataque).
Dancei feito clipe dos anos 80.
Moves like jagger, Jackson, travolta.
Pelos três minutos e poucos da música eu ri de mim, rodopiei e girei.
Cantei alto.
E quando me dei conta havia um serzinho loiro de olhar reprovador parado na porta da sala.
Não sabia se ria, chorava ou ligava pro conselho tutelar.
Estava achando aquilo tudo um absurdo gigantesco.
Vergonha da mãe que tem.
Branco, apoiado na parede como se tivesse 60 anos.
Eu só parei a hora que a música terminou.
Olhei bem nos olhos dele, toda descabelada, e propus que ele também tivesse aqueles três minutos.
Estendi a mão, tentei brincadeira, chamei.
E ele:
– Eu, hein?????
Nota pra mim mesma e pra você, Isaac do futuro: nunca se permita desperdiçar oportunidades de ser feliz, mesmo que sejam os três minutos mais bobos ever. Sempre vale a pena.