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A pandemia de covid-19 voltou a avançar em todo o Brasil justamente quando, após quase um ano de isolamento, as famílias planejam finalmente descansar fora de casa. “A primeira orientação às famílias é levantar a questão: esse momento é o melhor para fazer uma viagem de férias?”, questiona o infectologista Francisco Ivanildo, do Sabará Hospital Infantil.
Qualquer tipo de atividade feita fora do ambiente doméstico implica em aumentar os contatos para além do círculo de convivência, o que significa um aumento de risco, ainda que precauções sejam tomadas. Para quem pretende encarar este risco, há medidas que ajudam a minimizá-lo no momento de definir destino, hospedagem e meio de transporte.
Viajar de carro é sempre mais seguro do que qualquer meio de transporte coletivo. Viagens de ônibus ou avião demandam deslocamento até o aeroporto ou a rodoviária, onde há aglomeração, confinamento de pessoas em espaços sem boa ventilação e a impossibilidade de controlar o comportamento das pessoas ao redor. Nem todos estarão usando máscara, outros estarão, mas não de maneira correta. No caso do avião, há a fila do check-in, que é um momento de risco, quando nem sempre se respeita o distanciamento. Neste fim de ano, vimos cenas de intensa aglomeração, por exemplo, nos aeroportos de Congonhas e Guarulhos, em São Paulo.
Dependendo do destino, pais e filhos passam muitas horas confinados em um mesmo ambiente com desconhecidos. Os aviões oferecem renovação constante do ar, no entanto, o risco permanece por conta da proximidade entre os passageiros. “Não
adianta o ar ser trocado a cada três minutos se há alguém tossindo a 50 cm de você. Não há renovação de ar que resolva a questão da proximidade”, afirma Ivanildo. “Fica ainda mais complexo se é uma viagem longa e você tem que tirar a máscara, por exemplo, para fazer uma refeição ou beber água.”
Quanto mais curta for a viagem, melhor.
Considerando que viajar de carro é a melhor opção ao pensar na prevenção da covid-19, trajetos curtos devem ser priorizados. Assim, a família viaja direto, sem paradas com risco de exposição. Se houver necessidade de parar, é importante verificar se o local tem boa ventilação, se os funcionários estão usando máscara e se higienizam as mesas. Reforçar a higienização das mãos é recomendado.
O local de hospedagem é outra questão. Em hotéis ou resorts, o risco é maior por conta da circulação intensa de hóspedes e funcionários. Alugar um chalé em um sítio ou um apartamento na praia mantém reduzido o círculo de convivência. “A gente
acaba se expondo quando convive com pessoas que não conhece ou que não fazem parte do nosso convívio diário”, diz Ivanildo.
Para quem já fechou reserva em hotel, o ideal é ficar em ambientes abertos e manter o distanciamento de outras pessoas. O desafio, neste caso, é conseguir manter as crianças afastadas umas das outras. O ideal é que não tenham contato com pessoas
de outras famílias. Se houver contato, precisa ser supervisionado para garantir o uso das máscaras e a higienização dos brinquedos.
“É um desafio fazer essa viagem com segurança e se mantendo tranquilo. Você vai ficar sempre em estado de alerta. Obviamente não queremos acabar com a indústria de turismo, que foi a que mais sofreu e vai sofrer um bocado até a situação se normalizar, esperamos que aconteça no decorrer de 2021, mas só vamos ter uma situação mais confortável lá pro fim do ano, quando tivermos um bom porcentual da população vacinada”, conclui Ivanildo.