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Paralisia cerebral
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Paralisia cerebral

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08/12/2017
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Esta semana (04 a 09 de dezembro de 2017) está sendo comemorada a 3ª edição da Semana Estadual da Paralisia Cerebral. Então vamos aproveitar para entender um pouco mais sobre a paralisia cerebral.

A Paralisia Cerebral, ou encefalopatia crônica não progressiva, é considerada uma desordem neurológica não contagiosa, não é uma doença. É causada por uma lesão cerebral que ocorre enquanto o cérebro da criança ainda está em desenvolvimento, ou seja, esta lesão pode ocorrer antes, durante ou após o nascimento. A lesão que causa a Paralisia Cerebral é permanente, não progressiva, e até o momento não há tratamento curativo para este tipo de lesão.

Os sinais e sintomas da Paralisia Cerebral aparecem nos primeiros meses ou até os primeiros anos de vida, principalmente antes da idade escolar (6 anos). As crianças evoluem com atraso nos marcos do desenvolvimento, que ocorre em intensidades variáveis dependendo da gravidade e do momento em que ocorreu a lesão no cérebro em desenvolvimento.

A característica mais marcante na Paralisia Cerebral é o comprometimento das habilidades motoras finas e/ou grossas, caracterizada por dificuldade nos movimentos corporais (braços, pernas e tronco), frequentemente incluindo os músculos da deglutição (dificultando a capacidade de engolir, causando uma sialorreia excessiva) e a musculatura ocular, causando estrabismo (dificuldade de ambos os olhos de concentrarem no mesmo objeto). O equilíbrio, a postura e a coordenação também podem ser afetados nas crianças com Paralisia Cerebral. Tarefas como andar, sentar ou amarrar sapatos podem ser difíceis para alguns, enquanto outros podem ter dificuldades sutis como pegar um objeto pequeno, como um lápis.

Nas crianças maiores podem ser observados também o comprometimento da linguagem e dificuldade escolar. Outras complicações na Paralisia Cerebral podem ocorrer, como deficiência intelectual, convulsões e déficits sensoriais (visual e/ou auditivo).

A incapacidade associada à paralisia cerebral pode ser limitada a um membro ou a um lado do corpo, ou pode afetar todo o corpo. Como a lesão no cérebro que causa paralisia cerebral não é progressiva, os sintomas normalmente não pioram com a idade. No entanto, com o crescimento da criança, poderá ocorrer encurtamento e rigidez muscular, sendo indicada a reabilitação desde os primeiros meses de vida.

A paralisia cerebral pode ser causada por fatores diversos, os quais variam dependendo do período de amadurecimento do cérebro, por exemplo:

1- Durante a gestação:

  • Mutações em genes que causam anomalias no desenvolvimento do cérebro.
  • Infecções maternas durante a gravidez que afetam o desenvolvimento do feto, como sífilis, rubéola ou infecção pelo Zika vírus.
  • Acidente vascular cerebral fetal (interrupção do fornecimento de sangue ao cérebro em desenvolvimento).

2- Durante o nascimento:

  • Nascimento prematuro. Uma gravidez normal dura 40 semanas. Bebês com menos de 37 semanas de gestação possuem maior risco de paralisia cerebral.
  • Falta de oxigênio no cérebro (asfixia) durante o nascimento relacionada ao trabalho ou parto difícil.

3- Após o nascimento até 3 anos de idade:

  • Infecções infantis que causam inflamação no cérebro (encefalites).
  • Lesão cerebral traumática a um bebê de um acidente ou queda no veículo a motor.

A suspeita que uma criança tem Paralisia Cerebral muitas vezes é feita pela própria família, que percebe o uso preferencial de um lado do corpo ou a demora para começar a falar, por exemplo. Geralmente o pediatra será o profissional que fará a primeira avaliação da criança e poderá fazer o diagnóstico de Paralisia Cerebral.

Como comentei, esta condição não tem cura, sendo essenciais as terapias de reabilitação para ajudar a amenizar as sequelas da lesão cerebral. Cada criança com Paralisia Cerebral deverá ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar, conforme suas necessidades, que poderá incluir neurologista infantil, fisiatra, ortopedista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, entre outros.

O mais importante para as crianças com paralisia cerebral é a estimulação precoce e a intensa reabilitação logo que se perceba cada dificuldade específica.

A maioria dos casos não pode ser prevenida, mas a gestante ou quem planeja engravidar pode tomar medidas para se manter saudável e minimizar as complicações da gravidez, como estar com as vacinas em dia, ter uma alimentação saudável, evitar substâncias tóxicas (bebidas alcoólicas e cigarro, por exemplo), praticar atividade física regular, realizar as consultas e os exames pré-natais.

Quanto às crianças, devemos sempre lembrar de sua segurança, evitando lesões na cabeça, fazendo uso das cadeirinhas de carro adequadas, usar capacete quando andar de bicicleta, skate ou patins, colocar trilhos de segurança na cama e garantir que a criança tenha sempre uma supervisão adequada.

Leia também: Crianças equilibristas

Referências:

What constitutes cerebral palsy in the twenty-first century? Smithers-Sheedy H. Dev Med Child Neurol. 2014 Apr;56(4):323-8.

Cerebral palsy. Colver A. Lancet. 2014 Apr 5;383(9924):1240-9.

https://www.ninds.nih.gov/Disorders/Patient-Caregiver-Education/Hope-Through-Research/Cerebral-Palsy-Hope-Through-Research

https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/cerebral-palsy/symptoms-causes/syc-20353999

Atualizado em 11 de novembro de 2024
Dra. Marcília Lima Martyn

Dra. Marcília Lima Martyn

Dra. Marcília Lima Martyn (CRM-SP: 92.178) Médica Neuropediatra formada pela UFMG, em Belo Horizonte - MG, com Especialização em Neurofisiologia e Pós Graduação em Neurociências na Universidade de São Paulo (USP).

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