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Finalmente em agosto as crianças da escola pública e privada das mais variadas idades voltaram às aulas. O Brasil foi um dos países que mais paralisou as aulas durante a pandemia, com prejuízo enorme para a educação destas crianças, para sua saúde física e emocional, pelo menos na minha opinião. Os números de diversas pesquisas mostram isso, alguns deles eu mostro abaixo, juntamente com a importância da volta das crianças ao ensino presencial.
Os impactos negativos causados pela pandemia na educação brasileira podem ser graves e duradouros, segundo relatório do Banco Mundial. Dois a cada três alunos brasileiros podem não aprender a ler adequadamente um texto simples aos 10 anos. Essa pesquisa analisou o impacto da COVID-19 na educação dos países da América Latina e Caribe.
O ensino remoto nem de perto substitui o ensino presencial porque a educação não é só conteúdo. É um engano achar que educação é acúmulo de informação dada por um professor. “Educação é construção de conhecimento coletivo, educação é partilha de saberes e, ao mesmo tempo, é acúmulo de habilidades para construção de um bem comum, para construção sobretudo de um bem que exige da gente habilidades emocionais e intelectuais, que transformam o nosso eu e que incidem na coletividade da qual pertencemos”, afirma o estudo.
Como aprendemos durante a pandemia de COVID-19, ir à escola pessoalmente é a melhor forma de aprendizado de crianças e adolescentes. Muitos alunos também obtêm recursos vitais de que precisam para prosperar na escola. Muitos alunos ainda não estão elegíveis para receber as vacinas de COVID-19. Isso os deixa em risco, pois o SARS-CoV-2, o vírus que causa COVID-19, continua a se espalhar com variantes que são mais contagiosas e podem causar doenças mais graves.
Precisamos lembrar que muitos alunos recebem refeições saudáveis por meio de programas de alimentação escolar. As escolas devem oferecer programas de alimentação, mesmo que estejam fechadas ou o aluno esteja doente e não vá. Também por esse motivo a escola presencial é tão importante.
As escolas oferecem mais do que apenas estudos acadêmicos para crianças e adolescentes. Além de ler, escrever e aprender matemática, os alunos aprendem habilidades sociais e emocionais, fazem exercícios e podem ter acesso à saúde mental e outros serviços de apoio. Para muitas famílias, as escolas são onde as crianças recebem refeições saudáveis, acesso à internet e outros serviços importantes.
A pandemia tem sido especialmente difícil para crianças com deficiência, aquelas que vivem na pobreza e que são negras e indígenas. Outro dado destacado no estudo do Banco Mundial é em relação ao que chamam de índice da “pobreza de aprendizagem”, analisado com base em estatísticas educacionais. Ele indica o percentual de crianças com 10 anos incapazes de ler e entender um texto simples. A pandemia, segundo o levantamento, aumentaria esse índice para 70% dos alunos no Brasil, que já tinha 50% dos alunos em pobreza de aprendizagem. Essas perdas correspondem a 1,3 ano de escolaridade, ou seja, o estudante teria o conhecimento de mais de uma série anterior a que é correspondente à sua idade. Com um tempo maior de escolas fechadas, a defasagem pode subir para 1,7 ano de escolaridade.
Uma pesquisa da FAPESP, divulgada em 1º de junho, indica que estudantes do ensino médio da rede estadual de todo o país começaram o ano letivo de 2021 com proficiência em língua portuguesa e matemática 9 a 10 pontos a menos do que seria esperado na escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB).
Para mapear os desafios enfrentados pelas secretarias de educação, a UNDIME (União dos Dirigentes Municipais de Educação) e o CONSED (Conselho Nacional de Secretários de Educação), com apoio do CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira), Fundação Itaú Social, Fundação Lemann e UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), identificaram que 79% dos alunos dizem ter acesso à internet, no entanto, 46% acessam apenas por celular, o que limita tanto o trabalho do professor como a experiência de aprendizagem dos alunos.
A pesquisa “Educação não presencial”, realizada pelo Datafolha a pedido do Itaú Social, Fundação Lemann e Imaginable Futures, mostrou que em maio, 74% dos estudantes das redes municipais e estaduais estavam recebendo algum tipo de atividade para fazer em casa. Entre os alunos do ensino médio, esse número chegava a 85%. Naquele momento, as atividades e o conteúdo pedagógico foram ofertados para 37% dos respondentes por meio de algum equipamento tecnológico, como internet pelo celular ou computador, TV ou rádio; para 34%, por meio de equipamentos tecnológicos e material impresso; e apenas 3% recebiam somente material impresso.
Com 33 mil participantes, “Juventudes e a Pandemia do Coronavírus”, pesquisa realizada pelo CONJUVE (Conselho Nacional da Juventude) em parceria com Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Mapa Educação, Porvir, Rede Conhecimento Social, Unesco e Visão Mundial faz um sério alerta para gestores educacionais: quase 30% dos jovens pensam em deixar a escola e, entre os que planejam fazer o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), 49% já pensaram em desistir. Isso tudo porque a maioria sente grande dificuldade de estudar em casa.
As escolas são locais seguros, estimulantes e enriquecedores para as crianças e adolescentes aprenderem. Famílias, escolas e comunidades podem trabalhar juntas para ajudar a garantir que os alunos possam retornar com segurança e permanecer fisicamente juntos na escola, onde precisam estar.
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Atualizado em 28 de fevereiro de 2025