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Infância violentada dos jovens brasileiros
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Infância violentada dos jovens brasileiros

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21/07/2017
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Dados do Mapa da Violência no Brasil 2016, divulgados em maio, mostram que os homicídios representam quase metade das causas de morte entre jovens de 16 e 17 anos. O estudo do sociólogo Julio J. Waiselfisz revela que 46% dos jovens mortos nessa faixa de idade foram assassinados. Em 2013, foram 3.749 de um total de 8.153. A projeção é que 3.816 jovens sejam mortos em 2017.

O Mapa da Violência mostra que 93% das vítimas são homens. Outros perfis que se destacam são de escolaridade e cor. Homens negros morrem três vezes mais que homens brancos, e as vítimas com baixa escolaridade também são maioria. Além disso, a arma de fogo foi usada em 81,9% dos homicídios de adolescentes de 16 anos e em 84,1% dos homicídios na faixa de 17 anos.

De acordo com o estudo, as duas regiões brasileiras mais violentas são:

  • Região Nordeste – apresentou os maiores índices de violência. São 73,3 jovens mortos a cada 100 mil.
  • Centro-Oeste – vem em seguida, com 65,3/100 mil

A média nacional foi de 54,1/100 mil em 2013. Há ligeira mudança de perfil quando se fala nos estados mais violentos para jovens de 16 e 17 anos. A taxa brasileira é 275 vezes maior do que a de países como Áustria, Japão, Reino Unido ou Bélgica, que apresentam índices de 0,2 homicídios por 100 mil. Ou 183 vezes maior que as taxas da Coreia do Sul, da Alemanha ou do Egito.

Coloquei estes números porque, na semana seguinte da imprensa divulgá-los, li um artigo na Pediatrics que relata que cerca de 1.300 crianças e jovens morrem e 5.790 são tratadas para ferimentos de bala todos os anos nos EUA.

As mortes relacionadas com armas de fogo são a quarta principal causa de morte em geral entre as crianças dos EUA com idades entre 1-17 anos e a segunda causa principal de morte relacionada a lesões (atrás de acidentes de carro).

Os pesquisadores americanos examinaram os dados mais recentes do Sistema Nacional de Estatísticas Vitais (dos EUA), do Sistema Nacional de Vigilância de Lesões Eletrônicas dos EUA e do Sistema Nacional de Relatórios de Morte Violentas americanos e descobriram que as lesões por armas de fogo são um importante problema de saúde pública, contribuindo substancialmente para a morte prematura e a incapacidade das crianças.

Das cerca de 1.300 crianças que morrem a cada ano nos EUA por uma lesão causada por armas de fogo (1,8 por 100.000 crianças), 53% foram homicídios, 38% foram suicídios, 6% foram mortes por arma de fogo não intencionais, e 3% foram devido a outra intenção. Meninos, crianças mais velhas e minorias são afetados desproporcionalmente. Os meninos representam 82% de todas as mortes por arma de fogo infantil e as crianças negras apresentam as taxas mais altas de mortalidade por arma de fogo em geral devido a taxas de homicídio de armas muito maiores (4,1 por 100.000) – 10 vezes maior que a taxa de brancos não hispânicos e asiáticos.

Os investigadores concluíram que compreender a natureza, a magnitude e o impacto na saúde da violência armada contra crianças é um primeiro passo importante para encontrar formas de prevenir ferimentos e mortes por armas de fogo em crianças.

No Brasil, os índices são 7 vezes maiores e, além de ser um problema que afeta a saúde pública, indica um problema social muito grave e que ano a ano parece piorar de acordo com os Mapas da Violência. Precisamos, como sociedade, pensar na morte destes meninos e jovens e buscar soluções que saiam do discurso e ir para uma prática.

Leia também: O perigo da arma de fogo para crianças

Fonte: Pediatrics June 2017

Childhood Firearm Injuries in the United States

Katherine A. Fowler, Linda L. Dahlberg, Tadesse Haileyesus, Carmen Gutierrez, Sarah Bacon

As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu pediatra. Pode haver variações no tratamento que o pediatra pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.

Atualizado em 25 de outubro de 2024

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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