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Um estudo bem interessante de pediatria mostra que crianças com interações positivas precoces com a mãe, caracterizadas por uma relação calorosa e com capacidade de resposta ao sofrimento, tinham risco reduzido de obesidade na infância.
O estudo, “Family Psychosocial Assets, Child Behavioral Regulation and Obesity”, foi publicado na revista Pediatrics deste mês e identificou os efeitos protetores da parentalidade positiva e outros “ativos psicossociais” – bem como a capacidade das crianças de autorregular o seu comportamento – na primeira infância.
Pouca atenção tem sido dada ao estudo de fatores da primeira infância que protegem contra o desenvolvimento da obesidade e da obesidade grave. Foi investigado se a exposição a bens psicossociais familiares e riscos na infância (1-15 meses) e na primeira infância (24-54 meses) e a regulação comportamental infantil preveem mudança longitudinal no IMC (2 a 15 anos).
Tanto a parentalidade positiva quanto a autorregulação amorteceram os efeitos negativos da adversidade precoce e diminuíram os riscos de obesidade ou obesidade grave dos 2 aos 15 anos. Os pesquisadores analisaram dados de 1.077 díades mãe-filho fornecidos pelo Instituto Nacional de Saúde Infantil e Estudo de Desenvolvimento Humano de Cuidados da Primeira Infância e Desenvolvimento da Juventude. Eles descobriram que a exposição precoce à parentalidade positiva na infância e à regulação do comportamento infantil podem ter efeitos protetores de longo prazo no ganho de peso e ajudar as crianças a atenuar fatores de risco como a pobreza. Dessa forma, esses índices podem ajudar a promover a resiliência da obesidade.
Esse é mais um artigo com bases científicas, que mostra o efeito da parentalidade positiva no combate ao estresse tóxico de ambientes deletérios causados pela pobreza, violência e fome.
Neste ano, a Fundação José Luiz Egydio Setúbal tem como tema de estudo a segurança alimentar, principalmente pela fome causada pela economia e as condições em que vivem as pessoas sem empregos e abaixo da linha pobreza. Vale lembrar que a obesidade é encontrada em cerca de um terço da população pobre do Brasil, o mesmo percentual de desnutridos, por incrível que possa parecer. Assim, programas que fornecem parentalidade positiva podem ser uma das saídas para a proteção da primeira infância nesse momento.
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Fontes:
Pediatrics ARTICLE| FEBRUARY 07 2022
Brandi Y. Rollins, PhD; Lori A. Francis, PhD; Nathaniel R. Riggs, PhD