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Obesidade infantil: uma doença complexa e preocupante
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Obesidade infantil: uma doença complexa e preocupante

Obesidade infantil: uma doença complexa e preocupante

19/01/2023
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Acredito que todos nós ficamos revoltados com a história do Vitor, um jovem de 25 anos com obesidade mórbida, que acabou falecendo na porta de um hospital por falta de infraestrutura para o atendimento de pacientes com esse tipo de condição.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS, 2020), atualmente mais da metade dos adultos apresenta excesso de peso (60,3%, o que representa 96 milhões de pessoas). Esse número envolve não apenas casos de obesidade, mas de sobrepeso, com base no cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Conforme estudo realizado pelo Ministério da Saúde em abril de 2022 (Pesquisa VIGITEL 2021), o índice de obesidade em 2021 ficou em 22,35% no Brasil, comparado a 20,27% do levantamento de 2019. No país, calcula-se que entre 0,5 e 1% da população tenha obesidade grau III ou obesidade mórbida.

Estima-se que quase 7 milhões de crianças apresentam excesso de peso e, segundo o Ministério da Saúde, uma em cada 10 crianças brasileiras de até 5 anos está com o peso acima do ideal: as notificações do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Brasil (SISVAN) de 2019 revelam que 16,33% das crianças brasileiras, entre cinco e dez anos, estão com sobrepeso; 9,38% com obesidade e 5,22% já apresentam obesidade grave.

Como pai, você deseja a melhor saúde possível para seus filhos. Nós, pediatras, também. Quando seu filho(a) vem ao pediatra, seja para uma consulta de rotina ou por uma doença, sempre nos perguntamos o que podemos fazer para mantê-lo(a) saudável. Um passo importante para entender a saúde do seu filho(a) é verificar se ele(a) está com excesso de peso. Isso porque o excesso de peso, sobrepeso ou obesidade podem afetar a saúde de forma geral.

Na verdade, chamamos a obesidade de doença crônica porque pode afetar todas as partes do corpo, podendo interferir até na maneira como sentimos fome e saciedade e processamos a energia. A obesidade é uma doença que pode ser tratada, assim como a asma e outras condições crônicas.

Muitas vezes, a obesidade infantil dura até a idade adulta se não for tratada, e pode resultar em outras doenças, como diabetes tipo 2, doença hepática gordurosa não alcoólica, colesterol alto, pressão alta, apneia do sono e problemas ortopédicos (ossos e articulares), para citar alguns.

As causas da obesidade não se limitam apenas a fatores individuais ou familiares, como genética, alimentação e atividade física. Elas também envolvem situações múltiplas e complexas no ambiente mais amplo, como:

  • Condições alimentares injustas e fatores econômicos, que podem dificultar o acesso de algumas famílias a escolhas alimentares saudáveis;
  • Ambientes físicos inseguros, que podem limitar as oportunidades de atividade física, exercício e brincadeiras ativas;
  • Fontes de estresse tóxico, como exposição ao racismo, bullying etc. O estresse tóxico pode afetar os hormônios que regulam o peso, entre outros efeitos na saúde.

Uma das medidas que usamos para verificar o excesso de peso é o IMC (veja abaixo a ferramenta de cálculo de IMC infantil). Ele é um cálculo que compara a altura e o peso do seu filho(a) e nos permite saber se ele(a) está em uma faixa saudável para a idade e o sexo. O próprio IMC não nos fala sobre a saúde dentro do corpo. No entanto, é um sinal externo do que pode estar acontecendo por dentro.

Se o IMC do seu filho(a) estiver fora da faixa saudável, isso é chamado de sobrepeso ou obesidade. Seu médico vai querer explorar e aprender mais. Isso ocorre porque o excesso de peso pode prejudicar o corpo: pode afetar órgãos internos, causando inflamação e problemas no sistema imunológico e na química do corpo, por exemplo. A obesidade também afeta a saúde mental. Esses efeitos não são visíveis do lado de fora. É por isso que seu médico fará perguntas a você e a seu filho(a) sobre a maneira como o corpo está funcionando. Ele também avalia a saúde do corpo solicitando exames de laboratório e outros testes. O objetivo é certificar-se de que seu filho(a) está saudável por dentro.

Sabemos que o excesso de peso ou IMC alto é apenas uma parte do quebra-cabeça. Em alguns casos, crianças e adolescentes com excesso de peso ou IMC mais elevado são saudáveis​​por dentro. Mas os efeitos do excesso de peso ou IMC alto podem progredir, então seu médico vai querer monitorar esses testes ao longo do tempo.

Precisamos trabalhar para um ambiente melhor, onde todas as crianças e famílias possam crescer saudáveis. No entanto, até que possamos criar ambientes assim, tenha em mente que o tratamento para sobrepeso e obesidade pode funcionar mesmo em ambientes insalubres.

O tratamento da obesidade e de doenças relacionadas à obesidade pode ser necessário por muitos anos. Ele requer uma parceria contínua com os médicos e atenção à doença, por meio do comportamento e estilo de vida. Isso pode aumentar a capacidade de sua família de se manter saudável e lidar com o excesso de peso. Em alguns casos, medicamentos e cirurgia metabólica e bariátrica podem ser recomendados como tratamento.

É importante reconhecer os efeitos nocivos do viés de peso e do estigma. Não há lugar para culpa ou sobre a forma ou tamanho do corpo. O importante é que nossos corpos funcionem de maneira saudável. Culpar alguém pela obesidade é como culpar alguém por ter asma. Não é útil, é prejudicial e atrapalha o tratamento eficaz.

Semelhante a outras doenças crônicas, o foco do tratamento da obesidade deve estar na saúde geral e nos fatores de qualidade de vida importantes para seu filho(a) e sua família. Por exemplo: os objetivos do tratamento podem incluir faltar menos à escola, participar de eventos como caminhadas e melhorar a autoestima.

A saúde de seu filho(a) é importante para você e para o pediatra dele(a). Medir o IMC e avaliar os efeitos da obesidade na saúde faz parte da rotina em manter os pequenos saudáveis.

Pelos números epidemiológicos, a obesidade no Brasil é um problema de saúde pública e, como tal, deveria ser olhada pelas nossas autoridades. Ter locais adequados para atendimento desses pacientes é pedir o mínimo em um sistema universal de saúde. Além disso, devemos ter programas de prevenção e tratamento de obesidade que se iniciem na infância e englobem todas as faixas etárias e que contemplem, quando necessário, a cirurgia bariátrica e a utilização de medicamentos de última geração que já se mostraram eficientes e eficazes no tratamento clínico desses pacientes. Seria um alento para os dois terços dos brasileiros que estão acima do peso e, sobretudo, os 20% que já são obesos.

Vale lembrar que a nossa Fundação, por meio do Instituto PENSI – Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil, conta com um Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares (CENDA), onde os nutrólogos lideram equipes multidisciplinares para orientar pais e famílias a lidar com a obesidade, entre outras questões.

Fonte:

Diretriz de Prática Clínica da Academia Americana de Pediatria sobre Avaliação e Avaliação de Obesidade (Copyright © 2023)

Saiba mais:

Veja o IMC de seu filho(a):

https://www.hospitalinfantilsabara.org.br/portal-do-paciente-e-da-familia/calculadora-de-imc-infantil/

https://www.hospitalinfantilsabara.org.br/alimentacao-infantil/

https://www.hospitalinfantilsabara.org.br/centro-de-excelencia-e-servicos/departamento-de-nutrologia/

https://institutopensi.org.br/dia-da-conscientizacao-contra-a-obesidade-morbida-infantil/

https://institutopensi.org.br/obesidade-entre-adolescentes/

 

 

 

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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