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Insegurança alimentar e nutricional no Brasil
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Insegurança alimentar e nutricional no Brasil

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04/11/2021
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Notícias difundidas pelo IBGE com data de agosto de 2021, mostram que a população brasileira sofreu enorme impacto social e econômico com a pandemia do Covid-19. No entanto, não podemos jogar toda a culpa na excepcionalidade do vírus que mudou os rumos de todo o mundo. Já nos anos 2017 e 2018, a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF 2017-18) mostrou que mais de 40% da população passou fome ou apresenta dificuldades em manter uma alimentação adequada (situação conhecida como insegurança alimentar). Ter renda suficiente para o dia a dia ou para manter condições de compra e armazenamento de alimentos para o grupo familiar, é tarefa extremamente complexa para as classes mais desfavorecidas, que proporcionalmente gastam muito mais em alimentos que nas classes mais abastadas ou pelo menos mais abastecidas.

O reflexo na população pediátrica é ainda termos crianças desnutridas com alto risco para apresentar doenças relacionadas a carências nutricionais, infecciosas e mesmo de morrer. Convivemos com o aumento de doenças crônicas, não transmissíveis, como o excesso de peso que já afeta mais de 4 em cada dez crianças no país, hipertensão e problemas no metabolismo. Ao mesmo tempo ainda temos fome e desnutrição, baixa estatura por consequência de gerações sofrendo com falta de alimentos, deficiência de micronutrientes como o ferro, cálcio e algumas vitaminas.

O Instituto PENSI, com o apoio da Fundação José Luiz Egydio Setúbal desenvolveu recentemente um projeto de avaliação e possíveis ideias para melhorar as condições nutricionais da criança brasileira. Este segundo Fórum de Saúde, teve três áreas desenvolvidas – imunidade, vacinas e segurança alimentar. Para esta última parte, foi apresentado um documento de divulgação e uma publicação internacional, na prestigiada revista Frontiers em Nutrição, de alto impacto acadêmico. Profissionais do Instituto PENSI juntaram-se a professores de Pediatria, Nutrologia, Nutrição e Economia, das instituições: USP, UNIFESP, Universidade de São Carlos, CREN e Associação Brasileira de Nutrologia. Algumas ideias avaliadas mostram a possibilidade de manter integração entre a iniciativa privada e os setores públicos, imprensa e gestores, visando garantir programas continuados, de vigilância e intervenção no combate a desnutrição e ao excesso de peso. A formação de centros regionalizados, sentinelas avançadas, para avaliar continuadamente o estado nutricional de crianças no próprio ambiente de vida (casa e escola), permite entender intervenções bem-sucedidas e replicáveis para todo o país.

Artigo recente e publicado pela prestigiada revista Economist Intelligence Unit, assessorados por um painel de especialistas e entrevistas com formadores de opinião das mais renomadas instituições, mostra que a desigualdade social só pode ser combatida com educação, acesso precoce e adequado aos sistemas de saúde preventivos. Na área pediátrica, a vacinação, aleitamento materno prolongado e introdução adequada de alimentos, merenda escolar e medidas políticas integradas podem ser essenciais para garantir a subsistência e a manutenção de condições mínimas de sobrevivência.

Em tempos de crise social e econômica, que agravam ainda mais a situação caótica de nossa população, a perda de renda, as desigualdades, a incapacidade do sistema publico federal de garantir aspectos mínimos de defesa, aumentaram descontroladamente a insegurança alimentar. Regredimos a números anteriores a do início dos anos 2000, perdendo todos os avanços em políticas publicas de saúde no combate a fome e a desnutrição, sem combater adequadamente o aumento do excesso de peso. Crianças fora da escola, sem merenda, sem condições de manter condições mínimas de viver em locais com saneamento e isolamento social, são apenas uma das consequências de gestão inadequada. Abandonados por um sistema acéfalo e uma crise política e social de abandono, nossas crianças podem sofrer ainda mais as consequências crônicas e agora agudizadas, de carências nutricionais resultantes da fome, desperdício e alimentação restrita e desorganizada. Medidas para a solução desta insegurança alimentar, maior acesso a renda, escolaridade, sistemas dignos de moradia e especialmente de apoio a educação, são urgências. Especialmente para as famílias mais vulneráveis, negras ou pardas, moradores dos centros urbanos e com baixa renda e escolaridade. Medidas de prevenção não podem ser estabelecidas depois que a catástrofe aparece ou não serão preventivas e sim paliativas.

Algumas referencias:

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/28896-pof-2017-2018-proporcao-de-domicilios-com-seguranca-alimentar-fica-abaixo-do-resultado-de-2004 Insegurança alimentar no país 2021.

Mauro Fisberg, Lais Duarte Batista, Carlos Alberto Nogueira de Almeida, Maria Paula de Albuquerque, Flavia Morti Sarti e Regina Mara Fisberg- Integrative Strategies for Preventing Nutritional Problems in the Development of children in Brazil- PERSPECTIVE article

Front. Nutr., 13 August 2021 | https://doi.org/10.3389/fnut.2021.662817

http://www.fao.org/family-farming/detail/fr/c/1392789/ Inseguranca alimentar e Covid 19 no Brasil.

https://eiuperspectives.economist.com/healthcare/tackling-adolescent-obesity-latin-america-cost-inaction-brazil-chile-and-colombia Tackling Adolescent Obesity in Latin America

OBS- este artigo não reflete necessariamente a opinião da FJLES e Sabará Hospital Infantil.

Dr. Mauro Fisberg

Dr. Mauro Fisberg

Pediatra e Nutrólogo. Coordena o Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares (CENDA) do Instituto Pensi. Membro do corpo de orientadores em Pediatria e Ciências Aplicadas à Pediatria da UNIFESP.

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