PESQUISAR

Sobre o Centro de Pesquisa
Sobre o Centro de Pesquisa
Residência Médica
Residência Médica
O perigo dos cigarros eletrônicos
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Google Plus Compartilhar pelo WhatsApp
O perigo dos cigarros eletrônicos

O perigo dos cigarros eletrônicos

03/11/2023
  2334   
  0
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Google Plus Compartilhar pelo WhatsApp

Os cigarros eletrônicos são dispositivos portáteis projetados para fornecer emissões de vapor para inalação, funcionando por meio do aquecimento de uma solução que normalmente contém nicotina e outros produtos químicos como um aromatizante. Esses dispositivos foram inicialmente lançados como uma ferramenta para parar de fumar, pois supostamente causavam menos danos à saúde do que o cigarro convencional.

Os cigarros eletrônicos tornaram-se amplamente disponíveis na América do Norte e Europa por volta do ano 2000. Muitos dos primeiros modelos de dispositivos pareciam com os cigarros tradicionais e tinham apelo limitado para os jovens. No entanto, ocorreu um primeiro aumento na popularidade da vaporização entre os jovens por volta dos anos 2013 e 2015, alimentado pela percepção de baixo risco, agressivas campanhas de publicidade dirigidas a essa população, e a proliferação de dispositivos semelhantes a canetas, que oferecem uma ampla gama de sabores de frutas e adocicados.

Um segundo aumento da popularidade ocorreu entre 2017 e 2019, quando dispositivos menores, semelhantes a pen drives, chegaram ao mercado. O design discreto e moderno permitiu que crianças e adolescentes utilizassem os cigarros eletrônicos sem serem notados, pois outra característica é a quase ausência de odores nos vapores expelidos após a inalação.

Assim, uma verdadeira “epidemia” de uso de cigarros eletrônicos por pré-adolescentes e adolescente foi verificada nos países onde sua comercialização é liberada. A utilização de cigarros eletrônicos aumentou acentuadamente nos últimos anos em todo o mundo. Uma pesquisa evidenciou que o uso de cigarro eletrônico em adolescentes aumentou mais de 19% entre 2011 e 2018 nos Estados Unidos. No Canadá, a prevalência do uso de cigarros eletrônicos em adolescentes (7ª a 12ª séries) nos últimos 30 dias foi de 20%. Entre 2010 e 2014, houve um aumento de 24,4% no uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes na Europa central e oriental.

Os líquidos utilizados no cigarro eletrônico (e-líquidos) contém concentrações variáveis de nicotina, muitas vezes altamente concentrada na forma de sais de nicotina. Eles também contêm vestígios de muitos produtos químicos e metais pesados cuja exposição pode ser tóxica ou cancerígena.

Mais de 50 anos após a divulgação dos primeiros relatos dos danos à saúde causados pelos cigarros convencionais novas descobertas ainda são relatadas. Devido ao fato de os cigarros eletrônicos serem comercializados e terem se popularizado a menos tempo, os danos à saúde ainda estão sendo estabelecidos. Não se conhece ainda todos os seus possíveis efeitos em longo prazo. Pesquisas já verificaram que eles podem causar irritação no sistema respiratório, alterações no DNA das células, aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial, além de induzirem à dependência de nicotina. Além disso, existem relatos crescentes de efeitos deletérios particularmente em adolescentes e crianças com asma, com um aumento da frequência de crises agudas.

No Brasil, a comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas, por meio de uma resolução da ANVISA de 2009. Essa decisão se baseou no princípio da precaução, devido à inexistência de dados científicos que comprovem as alegações de segurança atribuídas a esses produtos. No entanto, a realidade dos grandes centros é outra, pois é possível comprar cigarros eletrônicos em lojas físicas e pela internet, sem qualquer verificação da idade do consumidor.

Não existem dados da prevalência da utilização desses dispositivos pela população em nosso meio, mesmo assim, pais e responsáveis de crianças e adolescentes, assim como profissionais de saúde, devem estar alertas a esse problema. Pesquisas demonstram que um diálogo aberto e educativo, não recriminatório, deve ser estabelecido em família, e que as escolas devem participar nas campanhas de conscientização.

Referências

Lyzwinski LN, Naslund JA, Miller CJ, Eisenberg MJ. Global youth vaping and respiratory health: epidemiology, interventions, and policies. NPJ Prim Care Respir Med. 2022 Apr 11;32(1):14. doi: 10.1038/s41533-022-00277-9. PMID: 35410990; PMCID: PMC9001701.

Walley SC, Wilson KM, Winickoff JP, Groner J. A Public Health Crisis: Electronic Cigarettes, Vape, and JUUL. Pediatrics. 2019 Jun;143(6):e20182741. doi: 10.1542/peds.2018-2741. PMID: 31122947.

Dra. Edina Koga

Dra. Edina Koga

Doutora em Pediatria e Ciências Aplicadas à Pediatria pela UNIFESP. É professora associada da disciplina de Medicina de Urgência e Medicina Baseada em Evidências da UNIFESP. Atualmente, também é pesquisadora do Centro Cochrane do Brasil e Assessora Científica no Instituto PENSI.

deixe uma mensagem O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

posts relacionados

INICIATIVAS DA FUNDAÇÃO JOSÉ LUIZ EGYDIO SETÚBAL
Sabará Hospital Infantil
Pensi Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil
Autismo e Realidade

    Cadastre-se na nossa newsletter

    Cadastre-se abaixo para receber nossas comunicações. Você pode se descadastrar a qualquer momento.

    Ao informar meus dados, eu concordo com a Política de Privacidade de Instituto PENSI.