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Mal estamos saindo de uma pandemia – depois de dois anos de isolamento, já tivemos um pequeno surto de influenza entre dezembro e janeiro, e agora em abril vem a notícia de uma misteriosa hepatite aguda em crianças.
Desde que as notícias da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre os surtos de Hepatite aguda de etiologia desconhecida foram publicadas (Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte foram publicadas em 15 de abril de 2022), continuam ocorrendo relatos de novos casos em crianças pequenas.
Ainda não está claro se houve um aumento nos casos de hepatite ou um aumento na conscientização sobre casos da doença que ocorrem na taxa esperada, mas não são detectados. Embora o adenovírus seja uma hipótese possível, as investigações estão em andamento para o agente causador.
Até 21 de abril de 2022, pelo menos 169 casos de hepatite aguda de origem desconhecida foram relatados em doze países, sendo a grande maioria na região Europeia da OMS e um país na região das Américas da OMS:
As crianças têm idade variando entre 1 mês e dezesseis anos, sendo que a maior parte tem por volta de 10 anos. A síndrome clínica entre os casos identificados é a hepatite aguda (inflamação do fígado) com enzimas hepáticas acentuadamente elevadas. Muitos casos relataram sintomas gastrointestinais, incluindo dor abdominal, diarreia e vômito antes da apresentação de hepatite aguda grave e aumento dos níveis de enzimas hepáticas e icterícia (cor amarelada da pele e dos olhos). A maioria dos casos não apresentou febre.
Os vírus comuns que causam a hepatite viral aguda (A, B, C, D e E) não foram detectados em nenhum desses casos. Viagens internacionais ou relações com outros países com base nas informações atualmente disponíveis não foram identificados como fatores. Dezessete crianças (aproximadamente 10%) necessitaram de transplante de fígado e pelo menos uma morte foi relatada.
Em quatro crianças foi detectada a presença do adenovírus, um vírus relacionado ao resfriado comum, que tem mais de cinquenta tipos e que raramente causa doenças graves. A possibilidade de uma relação com a covid-19 também figura entre as hipóteses: ela foi detectada em vinte crianças e outras dezenove mostraram uma coinfecção de coronavírus e de adenovírus.
No Brasil, não há relato de casos e há alerta para os casos de hepatite. No Sabará Hospital Infantil também foi feita uma recomendação para que as equipes fiquem alertas para a possibilidade deste quadro em crianças, principalmente nos menores de 10 anos, com vômitos e icterícia com transaminases acima de 500 UI/L.
Segundo a OMS, como há tendência crescente de casos desde o mês passado no Reino Unido, além de busca extensa, é provável que ocorram mais confirmações antes que a etiologia (causa) seja identificada. A organização encorajou países a identificarem, investigarem e notificarem casos potenciais.
É necessário mais trabalho para identificar casos adicionais, tanto nos países atualmente afetados quanto em outros lugares. A prioridade é determinar a causa desses casos para refinar ainda mais as ações de controle e prevenção. Medidas comuns de prevenção para adenovírus e outras infecções comuns envolvem a lavagem regular das mãos e higiene respiratória, nada muito diferente do que já estamos fazendo nesses dois últimos anos.
A OMS não recomenda nenhuma restrição de viagens e/ou comércio com o Reino Unido ou qualquer outro país onde os casos sejam identificados, com base nas informações atualmente disponíveis.
Fontes:
https://www.who.int/emergencies/disease-outbreak-news/item/2022-DON376