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Sou pediatra e nutrólogo, mas nesse momento, infelizmente, não posso atender meus pacientes. Sou considerado profissional de saúde de risco, por ser idoso e ter outras complicações que podem contribuir para um agravamento da minha condição pulmonar se eu for acometido pela Covid-19.
Me junto aos demais pediatras e profissionais da saúde que não estão na linha de frente, mas que podem ajudar informando e orientando com base na nossa experiência de muitos anos na vida pediátrica.
De olho nisso, junto com o Instituto PENSI, lançamos o Projeto Convida-20, que tem o enfoque na disseminação de conhecimento e informação gratuita e relevante para a sociedade a respeito da Covid-19. A proposta é que profissionais convidados, como médicos, nutricionistas, psicólogos, entre outros, compartilhem dicas por vídeos e textos que possam ajudar as famílias e as crianças nesse período de isolamento social. Fique de olho nos conteúdos que estamos publicando na página do Instituto PENSI no Facebook e aqui, no Blog Saúde Infantil.
Abaixo, seguem algumas orientações que devemos reforçar e sensibilizar, sempre que possível:
A sugestão de que os pais e crianças permaneçam em casa em isolamento voluntário, rapidamente pode passar a uma quarentena obrigatória, como ocorrem em diferentes países do mundo neste exato momento. E temos de lembrar que a quarentena pode variar de NÃO SAIR de casa, a não se afastar de um determinado local, mesmo que totalmente assintomáticos e sem estar com o vírus.
Como todos já sabem, o confinamento, a ausência de aulas e atividades, a impossibilidade de brincar com seus amigos ou praticar atividades físicas externas, a não visita aos parentes mais idosos e a impossibilidade de ter alguém cuidando podem criar um estresse e gerar alto grau de ansiedade nas crianças.
O medo, o pânico, as notícias se sucedendo praticamente a cada instante também contribuem para um ambiente tenso dentro das casas, que podem levar a uma insegurança grande para os adultos e, imediatamente, com reflexos para os menores.
Precisamos tentar manter um ambiente seguro, de enorme cuidado com a higiene das mãos e secreções. O uso do álcool gel deve ser destinado a locais fora de casa, o que não se aplica às crianças que tem acesso à lavagem das mãos. Uma dica importante para os adultos que estão responsáveis pelo cuidado das crianças é sempre lembrar de lavar as mãos assim que chegarem em casa e trocarem a roupa e os sapatos que foram usados na rua.
Uma dica: pode-se deixar uma muda de roupa e sapatos logo na entrada das casas. Além disso, deverá ser considerada uma regra – dentro e fora das epidemias – não tocar nas crianças antes de higienizar muito bem as mãos. O mesmo cuidado deve ser tomado nos preparos de refeições, nas limpezas de banheiros e brinquedos. E não estamos falando isso somente para famílias com indivíduos doentes pela Covid-19. Estamos falando de cuidados preventivos para todos.
No entanto, talvez o maior problema que as crianças neste momento estão passando é a falta de perspectiva de mudança. Não sabemos quanto tempo demorará para retornarmos à normalidade e que tipo de apoio precisaremos a cada instante. Um dia organizado, com tarefas organizadas, com brincadeiras que demandem algum grau de movimentação, tarefas complementares à escola, independentemente se houver ou não algum tipo de orientação escolar, podem ajudar a ocupar o tempo ocioso dos pequenos.
Aproveitar o tempo para ler, brincar, cantar, contar histórias e desvincular um pouco das telas (telefones, computadores, tablets e televisores) são algumas das opções. Além disso, é recomendado usar de forma organizada as atividades eletrônicas, determinando horários para uso de aplicativos, para ver filmes e desenhos, jogos e outras formas de distração.
A informação sobre a pandemia deve ser dada de forma correta, não escondendo dados de gravidade, mas mostrando que as crianças podem e devem ser parte da corrente de apoio e solidariedade. Aproveite os aplicativos para conversar com outros parentes mais velhos que estão isolados, com os amigos da classe e para estabelecer tarefas comuns. Todos devem ajudar nas atividades da casa, como na limpeza, na organização, na arrumação dos quartos, entre outras.
Os adultos têm de cuidar, mas tem obrigatoriamente a necessidade de se cuidarem, para que não faltem responsáveis para as crianças. Esta semana vi alguns médicos que conseguiram deixar seus filhos com vizinhos, mas existirá a necessidade de uma planificação de cuidados e cuidadores.
Com planejamento (uma palavra que sempre utilizamos em nossos textos para a educação nutricional), poderemos nos preparar da melhor forma possível, se tivermos o momento do isolamento total. Temos de ter a certeza de que as coisas passarão, mas até a chegada do tempo de retorno, ainda muita coisa acontecerá e precisamos nos cuidar.
As crianças e adultos precisam estar preparados emocionalmente para esta situação. E nós, profissionais da saúde, poderemos ajudar com informação, formação e apoio de qualquer tipo.
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Atualizado em 29 de janeiro de 2025