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Automutilação: um sinal de alerta para os jovens
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Automutilação: um sinal de alerta para os jovens

Automutilação: um sinal de alerta para os jovens

10/11/2022
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Cada vez mais entramos em contato com histórias de crianças e adolescentes que praticam suicídio. No início de novembro, um menino de 14 anos se matou dentro de uma escola de classe média alta em São Paulo. Os estudiosos têm várias teorias para explicar o fenômeno, mas não existe uma definição. O que sabe e se observa é que a pandemia ajudou a piorar a situação da saúde mental das crianças e jovens no mundo todo.

No Brasil, o número de suicídios entre jovens cresceu nos últimos anos. De 2016 para 2021, a taxa de mortalidade por cem mil relacionada a essa causa aumentou 45% na faixa de 10 a 14 anos (de 0,92 para 1,33) e 49,3% na de 15 a 19 anos (de 4,40 para 6,56). No mesmo período, a taxa na população geral variou 17,8% (de 5,6 para 6,6). Entre os meninos de 10 a 19 anos a taxa passou de 3,8 para 5,1 (34% a mais) e entre as meninas foi de 1,6 para 2,9 (77% a mais).

A automutilação é um dos sinais de alerta do sofrimento e de prevenção para suicídio de jovens. Se a criança que você ama está sofrendo tanto que está se machucando, você provavelmente sente essa dor também. Pais e cuidadores podem se sentir confusos, zangados e desamparados quando veem sinais de que seu filho(a) está praticando automutilação. Percebem que ele(a) precisa de ajuda imediata, mas muitos não têm ideia por onde começar.

Quando as famílias trazem preocupações sobre automutilação ao pediatra, isso oferece a oportunidade de falar abertamente sobre a situação e encontrar soluções juntos. Muitas vezes, recebemos essas crianças e adolescentes no pronto-socorro do Sabará Hospital Infantil e percebemos a angústia dos pais.

Aqui estão algumas dicas que abordam medos e equívocos comuns, juntamente com maneiras de apoiar seu filho:

O que é automutilação? A automutilação acontece quando as pessoas se machucam de propósito, mas sem a intenção de se matar. Geralmente, os especialistas se referem a cortes e outras formas de automutilação como automutilação não suicida.

Só porque uma criança ou adolescente começa a se machucar, não significa que eles estão tendo pensamentos suicidas ou esperando morrer. No entanto, estudos mais recentes mostram que eles enfrentam riscos maiores de pensamentos e ações suicidas. Portanto, é hora de atenção.

A forma mais comum de automutilação é o corte da pele. Então, você pode ver cortes ou cicatrizes nas mãos, pulsos, pernas ou outras áreas do corpo da criança. Esses cortes podem ser profundos ou serem dezenas de cortes menores. É importante lembrar que, muitas vezes, as crianças escondem seus ferimentos usando acessórios ou mangas compridas (mesmo em dias quentes). Diante disso, as cicatrizes e os cortes podem não ser visíveis ou facilmente aparentes. Outras formas de autolesão incluem bater a cabeça, queimaduras, puxões de cabelo ou arranhões excessivos na pele a ponto de tirar sangue.

Não há uma única causa clara. No entanto, os jovens que se automutilam muitas vezes sentem uma dor emocional avassaladora, outros dizem que se sentem solitários, inúteis ou vazios por dentro ou ainda relatam sentir-se superestimulados, incompreendidos ou até mesmo com medo de relacionamentos. Alguns se sentem sobrecarregados pelas responsabilidades escolares e familiares, ou querem se punir por algo ruim que acreditam ter feito.

Meninas são mais propensas a se cortar, enquanto os jovens do sexo masculino são mais propensos a se bater. No entanto, crianças de todos os gêneros se envolvem em ações consideradas não suicidas, incluindo aquelas que se identificam como não-binárias ou transgêneros.

As crianças que se automutilam enfrentam maiores riscos de suicídio? A maior parte da automutilação vem de uma necessidade momentânea de escapar, não de um desejo de morrer. Porém, pesquisas mais recentes sugerem que os adolescentes que têm problemas para deixar esse tipo de ação enfrentam taxas muito mais altas de experimentar pensamentos suicidas e morrer por suicídio do que seus pares que não se envolvem em automutilação.

Tenha uma conversa. Assuma uma posição de não julgamento, ouvindo mais do que fala. Não há problema em admitir que o assunto é difícil para você, mas expresse seu amor e preocupação. Você não deve ficar envergonhado(a) ou culpado(a) pelas lutas de seu filho(a).

Mude a maneira como você pensa sobre as mídias sociais. Embora os canais digitais possam não ser uma causa direta dessa atitude, o tempo excessivo de tela pode levar a um sono ruim e sentimentos exagerados de inveja, isolamento, medo e auto rejeição. Seus próprios hábitos digitais também são importantes. Um estudo mostrou que adolescentes que vivem com depressão relataram que seus pais passavam até oito horas por dia nas mídias sociais.

Priorize a saúde mental e os relacionamentos familiares. Se sua família enfrenta níveis consistentemente altos de estresse, reserve um tempo para considerar como você pode reverter isso. Os jovens precisam saber que podem pedir tempo de inatividade sem culpa e que o autocuidado é uma prioridade acima das montanhas de trabalhos escolares e atividades extracurriculares.

Fique atento aos sinais de depressão em adolescentes:

  • Mudanças marcantes na personalidade ou nos hábitos;
  • Piora do desempenho na escola ou em outras atividades;
  • Afastamento da família e de amigos;
  • Perda de interesse em atividades que gostava;
  • Descuido com a aparência;
  • Perda ou ganho inusitado de peso;
  • Comentários autodepreciativos persistentes;
  • Pessimismo em relação ao futuro, desesperança;
  • Comentários sobre morte, sobre pessoas falecidas e interesse por essa temática;
  • Doação de pertences que valorizava.

A saúde mental não é algo a ser tratado individualmente, pois está inserida no esteio coletivo. Quando os jovens dizem que não entendemos o que é ter passado pela pandemia como adolescentes, de fato, não sabemos. Precisamos ouvi-los mais, dar-lhes voz e ajudá-los a passar por essa mudança, para que eles possam sair da solidão.

Fontes:

Saiba mais:

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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