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09/06/2014
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Esconde

Uma brincadeira gostosa e corriqueira que carrega um grande aprendizado para o bebê

Cadê…? Apareceu! Como é prazeroso brincar de esconder com bebês. Todos fazemos isso. O riso gostoso que demonstram quando aparecemos é uma alegria! Na verdade, ao brincarmos de esconder com o bebê, sem se dar conta, estamos oferecendo a ele ferramentas que o auxiliam a perceber e aprender várias coisas importantes.

Do nascimento até aproximadamente 7 meses o bebê não tem a noção de que ele é um ser separado. Para ele sua mãe e seu corpo são um só. A partir dessa fase começa a ter noção de que há uma separação. Isso causa angústia quando algo lhe sai de sua vista. Acha que deixou de existir. Não sabe também que as coisas permanecem mesmo quando saem do seu campo de visão. O fato de o bebê rir demonstra a alegria que sente pela pessoa ou objeto aparecer novamente. Quando brincamos de esconder e reaparecer, ou esconder o rosto e mostrá-lo, estamos ensinando a ele que o fato de não mais ver não significa que elas deixaram de existir.

Com essa simples brincadeira, divertida e gostosa entre adultos e bebês estamos naturalmente ensinando o conceito de “permanência do objeto” que é essa percepção de que um objeto não deixa de existir quando não vistos. Para nós adultos essa constatação parece evidente, mas ela foi desenvolvida na infância, com a ampliação da consciência da realidade. Piaget desenvolveu um experimento para demonstrar essa capacidade quando ao brincar de esconder um brinquedo embaixo de um lenço, ou paninho, ficou observando se a criança o procurava sob a coberta. Ao fazê-lo ela está demonstrando essa compreensão de que o objeto escondido ainda existe e que apenas está em outro lugar, coberto.

Esse aprendizado faz-se ao longo do desenvolvimento infantil. Um bebê até por volta de oito meses ainda não tem essa capacidade de procurar o objeto escondido nem mesmo de perceber que ele não desapareceu para sempre. Sua reação gostosa, normalmente acompanhada por uma risada, até então, é mais um reflexo de sua surpresa agradável à brincadeira. Ela também representa um alívio à ansiedade de separação, ou seja, o bebê ao não mais enxergar o adulto com quem está brincando, porque este está coberto com as mãos ou saiu de sua vista, imagina que ele se foi, que sumiu. Ao reavê-lo fica contente. Com a repetição dessa brincadeira ele vai percebendo que a pessoa retorna, o que lhe dá mais tranqüilidade e conforto, auxiliando-o na separação.

Essa compreensão de permanência do objeto, no entanto não é imediata nem tão rápida. Na verdade é um processo que se dá lentamente ao longo dos dois primeiros anos de vida. É comum que uma criança nessa faixa etária ainda se angustie quando não está enxergando em seu campo de visão o adulto, ou a criança com quem estava brincando. Isso pode ser observado quando a criança nessa idade esconde-se em lugares óbvios e fáceis de ser achada, ou fica nervosa quando não encontra o amiguinho escondido durante um jogo de esconde-esconde, pois ainda carrega o receio de que aquilo que não vê pode ter desaparecido.

O desenvolvimento desse conceito envolve também outros fatores como a motivação, memória e habilidades motoras da criança (para que possam procurar). Como sabemos, cada bebê é único e cada um apresenta graus de maturidade diferentes, portanto esses períodos também podem variar, podendo um bebê adquirir essa idéia mais cedo e outros mais tarde. De qualquer modo, é através de brincadeiras como esta que importantes noções são passadas a ele, de forma lúdica e prazerosa para ambas as partes.

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Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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