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Instituto PENSI e Escola Paulista de Magistratura promoveram evento que contou com pesquisadores nacionais e internacionais das universidades de Harvard, Maryland e Tulane
Diversas áreas da ciência vêm se dedicando a estudar os impactos no desenvolvimento neurológico e psicossocial de crianças em diferentes ambientes: em famílias adotivas ou biológicas, em acolhimento familiar por um período pré-determinado ou em acolhimento institucional, como em abrigos e orfanatos. E este foi o tema do Seminário Impactos da Intervenção Precoce: Acolhimento Familiar como Alternativa aos Cuidados Institucionais, realizado na terça-feira, 28/1, na Escola Paulista de Magistratura em parceria com o Instituto PENSI, da Fundação José Luiz Egydio Setúbal.
O seminário recebeu especialistas nacionais e internacionais, como pesquisadores da Universidade de Harvard, Maryland e Tulane. O grupo esteve a frente, entre os anos de 2000 e 2005 de um grande estudo na Romênia, onde a quantidade de crianças pequenas abandonadas em instituições chamou atenção internacional.
O estudo buscou compreender os comportamentos de apego (qualidade da vinculação entre bebês e cuidadores principais), desenvolvimento neuropsicomotor e da linguagem. Os resultados preliminares apontaram que as crianças acolhidas por famílias em comparação com as que moravam em abrigos tinham um desenvolvimento mais satisfatório em diversas áreas.
Charles Nelson, professor de Pediatria, Neurociência e Psiquiatria da Escola de Medicina de Harvard contou que aquelas crianças que estavam ainda em abrigos apresentavam ao longo do seu desenvolvimento diversos distúrbios como hiperatividade, autismo, dificuldades de socialização, entre outros.
De olho em expandir e sensibilizar autoridades e a sociedade para a importância do acolhimento familiar para uma infância saudável, o projeto chega ao Brasil. O Impactos de Intervenções sobre a Institucionalização está sendo conduzido pelo Instituto PENSI em parceria com a Universidade de Harvard e Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, com apoio do Tribunal de Justiça de São Paulo, Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, os abrigos subordinados a secretaria e as Varas da Infância e Juventude que são subordinados ao Tribunal.
O estudo irá avaliar mais de 400 crianças de 0 a 36 meses que vivem em abrigos, com famílias acolhedoras ou com suas famílias biológicas. Além disso, o projeto se propõe a treinar os cuidadores das crianças para que eles possam contribuir de uma forma positiva para o desenvolvimento global dos pequenos.
“A pesquisa buscará, então, compreender o desenvolvimento neuropsicomotor e da linguagem das crianças em diversos contextos de cuidado ao longo de três anos, e depois compará-los”, explicou Dr. Edson Amaro Jr., investigador principal do projeto pelo Instituto PENSI. Para isso serão realizados testes psicológicos, análises do desenvolvimento psicomotor e da linguagem, além de exames como eletroencefalograma e rastreamento ocular (eye tracking).