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Há três anos os funcionários da nossa Fundação, do Hospital Infantil Sabará e do Instituto Pensi fazem uma Viagem Fantástica. Do que se trata essa viagem? Muito simples, é uma ação de voluntariado empresarial em que, durante um final de semana do ano, os funcionários, seus familiares, convidados, fornecedores de serviços e de insumos, terceiros e todos que quiserem participar doam seu tempo para apoiar uma ação que foi desenvolvida durante o ano anterior. Parece simples? Pois é, muito simples e maravilhoso para não ficar repetindo fantástico. Este processo complexo é feito com a ajuda do mobilizador social Edgar Gouveia Junior e sua equipe fabulosa dirigida pela Camila.
No primeiro ano esperávamos cerca de 30 pessoas e fomos mais de 120 para o Jardim Lapena, uma comunidade em São Miguel Paulista onde, num processo de mutirão, reconstruímos duas praças que estavam totalmente abandonadas. O processo todo é baseado em 4 f (Free, Fun, Fast and Fantastic). Isso quer dizer que você não pode por a mão no bolso, tudo o que você conseguir tem que ser doado, tudo tem que ser na base da alegria, não pode ser sofrido, tem que ser rápido e sobretudo tem que ser FANTÁSTICO.
No Jardim Lapena foi assim: chegamos lá depois de ter combinado com o pessoal da Fundação Tide Setúbal, que trabalha no projeto do bairro, e também combinamos com a regional da prefeitura, que doou algum mobiliário urbano. Chegando lá, em dois ônibus com funcionários do Hospital, iniciamos o processo de fazer a limpeza do terreno, bolar como seria a praça, procurar as pessoas locais para nos ajudar, ver quem poderia emprestar ferramentas, doar material, e assim foi. Como um milagre, a coisa foi acontecendo e depois de dois dias os terrenos baldios se transformaram em duas praças. Se não acredita, veja o vídeo da Viagem Fantástica I.
Devido ao sucesso do projeto piloto e à solicitação dos funcionários, resolvemos instituir a Viagem Fantástica como um projeto institucional de ação voluntária empresarial e no ano seguinte a atividade aconteceu em Santana de Parnaíba, juntamente com a Associação Rainha da Paz. Lá atuamos na melhoria de acessibilidade de 12 casas de crianças com deficiências e na construção de um galpão para armazenamento de material e ferramenta. Para se ter uma ideia do impacto, o projeto da ONG se chama João de Barro e faz de 3 a 4 casas por ano. Num final de semana fizemos 12 e ainda construímos o galpão para que eles pudessem armazenar o material que eles conseguissem receber de doação. Neste final de semana foram cerca de 400 pessoas. Além de funcionários do Hospital, foram os do Instituto Pensi, terceiros e, a pedidos, foi ampliado para familiares e amigos. Veja o vídeo Viagem Fantástica II.
Neste ano, fizemos uma coisa arriscada, escolhemos uma atividade em vários lugares e foram escolhidos 11 SAICAS – Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes, de quatro bairros da capital paulistana (Perus, Pirituba, Lapa e Pinheiros), que abrigam crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidades, e uma casa de mulheres e (famílias) que foram vítimas de violência. Em cada uma dessas casas foram mapeadas as necessidades. Foram montados times de 20 a 30 voluntários para realizar os trabalhos e conseguir levantar as coisas que necessitavam.
Tudo é conseguido através de doações, são televisões, computadores, eletrodomésticos, latas de tintas, material de construção, material para educação, roupas, roupa de cama, medicação, produtos de higiene, brinquedos, livros, entre outras coisas. É impressionante ver a rede de solidariedade que se cria em torno desta ação.
Costumo falar que a Viagem mais fantástica é a que fazemos dentro de nós mesmos nestes dois dias. É quando nos deparamos com situações de grande emoção, que apesar de trabalharmos em hospital talvez não estejamos preparados para vivenciar tais emoções. É sempre muito forte e muito bom.
É onde a solidariedade impera, onde o amor ao próximo é o que importa, onde a hierarquia deixa de existir, a desigualdade se irmana na busca da solução dos problemas que aparecem. Todos trabalham muito, muitas vezes em atividades em que estão pouco afeitos, mas tenho certeza que apesar do cansaço, saem de lá satisfeitos e com a sensação de terem recebido muito mais do que deram, e isso que é o Fantástico dessa Viagem. Se tiver uma oportunidade, entre nela.