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Cientistas brasileiras que mapearam o SARS-CoV-2 defendem pesquisa de longo prazo como resposta eficiente na pandemia
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Cientistas brasileiras que mapearam o SARS-CoV-2 defendem pesquisa de longo prazo como resposta eficiente na pandemia

Cientistas brasileiras que mapearam o SARS-CoV-2 defendem pesquisa de longo prazo como resposta eficiente na pandemia

04/12/2020
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Se para grande parte do Brasil e do mundo a pandemia de Covid-19 foi e ainda é sinônimo de incertezas e interrupção abrupta de atividades, para os cientistas, o período tem sido de trabalho intensivo para compreender como o coronavírus age e de que forma combatê-lo. Só no Brasil, oficialmente, já foram, até novembro, mais de 170 mil vidas perdidas e mais de seis milhões de infectados.

A linha de frente da pesquisa brasileira sobre a Covid foi apresentada ao mundo já no começo de março, dias depois de o país confirmar, em 26 de fevereiro, o primeiro caso da doença. E isso graças ao trabalho de duas mulheres: as cientistas Ester Sabino e Jaqueline Góes, da USP (Universidade de São Paulo).

Foram elas as coordenadoras da ação que resultou em um rápido sequenciamento do vírus – somente dois dias após a verificação do primeiro paciente, um homem de 61 anos, residente na capital paulista, que havia viajado para a Itália dias antes. Durante semanas, o país europeu foi epicentro da pandemia com centenas de mortes a cada dia.

Ester e Jaqueline atuaram na pesquisa que sequenciou por completo e mapeou o genoma viral encontrado no Brasil, que foi chamado de SARS-CoV-2.

As duas cientistas abriram o ciclo de Aulas Magnas do 5º Congresso Internacional Sabará de Saúde Infantil com a palestra “Pesquisando durante a pandemia”, apresentada no primeiro dia do evento. Marco no calendário de saúde infantil no Brasil, o congresso este ano aconteceu de forma 100% online.

“Muitas vezes, a gente acha que a pesquisa começou naquele momento, mas, na verdade, só com trabalho usado de longo prazo que a gente consegue responder rapidamente na epidemia”, define Ester, que atualmente é professora na Faculdade de Medicina da USP. Ela foi ainda diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP e é coordenadora do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE), que tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo (Fapesp) e dos britânicos Medical Research Council e Fundo Newton.

Pesquisa sobre zika vírus uniu pesquisadoras
A pesquisadora tem uma sólida carreira na pesquisa epidemiológica: nas últimas décadas, atuou nas pesquisas sobre o HIV, o vírus da dengue e o zika vírus – este último, também sequenciado por ela em pesquisas conjuntas com a Universidade de Oxford.

“Veja que, em ciência, tem muito uma questão de você começar no assunto, ir para outro, e também tem as ligações, a colaboração, e tudo isso caminha, e você vai aprendendo técnicas novas”, define.

No caso do zika, a rede de colaboração à qual a pesquisadora se refere estava articulada no projeto internacional ZIBRA (Zika in Brazil Real Time Analisys), que concluiu o sequenciamento completo de 54 genomas do zika vírus em algumas cidades do Norte e do Nordeste brasileiro. Foi o maior sequenciamento obtido na região, de modo que os resultados constam no artigo “Establishment and cryptic transmission of Zika virus in Brazil and the Americas”, publicado em maio de 2017 na conceituada revista Nature (https://www.nature.com/articles/nature22401).

Sequenciar para monitorar a pandemia
Foi pelo ZIBRA que Ester conheceu Jaqueline. Pós-doutoranda na Faculdade de Medicina da USP e bolsista da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo), Jaqueline liderou a equipe que fez o sequenciamento do genoma viral do coronavírus junto ao Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz.

Atualmente com pesquisas na área de arboviroses emergentes e ainda parte do ZiBRA Project, a pesquisadora estuda em seu doutorado o aprimoramento de protocolos de sequenciamento de genomas completos pela tecnologia de nanoporos dos vírus Zika e HIV.

“Os genomas trazem informações importantíssimas para que a gente possa compreender a estrutura do vírus, o acúmulo de mutações, as taxas de transmissão, e, com isso, monitorar a epidemia”, explica. “Então, quando estudamos o genoma viral, conseguimos detectar uma série de informações que podem nos ajudar no momento futuro em relação à estrutura daquele vírus que está sendo replicado em cada indivíduo infectado”, completa Jaqueline.

O 5º Congresso Internacional Sabará de Saúde Infantil foi uma iniciativa da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, mantenedora do Sabará Hospital Infantil, e do Instituto PENSI, centro de referência na geração e difusão de conhecimento em saúde infantil.

Comunicação PENSI

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